11 de abril de 2013

Outro Ser

Talvez não seja possível descrever o que sentimos com tamanha perfeição, todavia, a possibilidade de traduzir ao mundo traz-nos uma esperança além daquela habitual de ficarmos com aquilo preso dentro de nós. Apaixonar-se e desencontrar-se é tão comum que nos faz mal. Quem disse que a felicidade está a nossa porta. Eu corro, corro, corro e não consigo alcançá-la.

Imaginem apaixonar-se por alguém e descobrir que tal pessoa atrai-se por seres de um sexo diferente do seu. Não digo isto por preconceito, mas por efeito de lágrimas que rolaram. Isso tudo sem sequer dizer uma palavra. Nem mesmo um “Eu te amo”.

O cruzar de olhares, oi matinal e o boa noite cortês de sempre. A voz firme de quem precisa manter boa impressão. Por que isso se meu íntimo se torna ínfimo ao seu lado? Por que quero beijar-te despindo nossos corpos publicamente sem preocupar-me com nada e nado para longe como alguém que precisa ganhar uma competição bem longe? Não desejo mais o seu corpo. Eu quero é a sua vida.

Hoje achei que minhas lágrimas eram por ti. Menti a mim. As lágrimas eram por mim. Eu sou digno de pena. Eu estava ali vendo você passar de mãos dadas a outro ser. Mostrando publicamente a outro o que e queria ter. E se eu mudasse de sexo? E se eu morresse? E se aquela criatura usurpadora morresse? E se você morresse? Nossos corpos se desconversam.