Talvez não
seja possível descrever o que sentimos com tamanha perfeição, todavia, a
possibilidade de traduzir ao mundo traz-nos uma esperança além daquela habitual
de ficarmos com aquilo preso dentro de nós. Apaixonar-se e desencontrar-se é
tão comum que nos faz mal. Quem disse que a felicidade está a nossa porta. Eu
corro, corro, corro e não consigo alcançá-la.
Imaginem
apaixonar-se por alguém e descobrir que tal pessoa atrai-se por seres de um
sexo diferente do seu. Não digo isto por preconceito, mas por efeito de
lágrimas que rolaram. Isso tudo sem sequer dizer uma palavra. Nem mesmo um “Eu
te amo”.
O cruzar de
olhares, oi matinal e o boa noite cortês de sempre. A voz firme de quem precisa
manter boa impressão. Por que isso se meu íntimo se torna ínfimo ao seu lado?
Por que quero beijar-te despindo nossos corpos publicamente sem preocupar-me
com nada e nado para longe como alguém que precisa ganhar uma competição bem
longe? Não desejo mais o seu corpo. Eu quero é a sua vida.
Hoje achei
que minhas lágrimas eram por ti. Menti a mim. As lágrimas eram por mim. Eu sou digno
de pena. Eu estava ali vendo você passar de mãos dadas a outro ser. Mostrando
publicamente a outro o que e queria ter. E se eu mudasse de sexo? E se eu
morresse? E se aquela criatura usurpadora morresse? E se você morresse? Nossos
corpos se desconversam.