30 de abril de 2011

Eletro escravo

Parece que os produtos eletrônicos à medida que evoluem começam a nos escravizar. Somos uma sociedade que não vive sem televisão, que não sai sem celular ou ainda que não come nada sem o acompanhamento de uma Coca-Cola extremamente gelada pelo refrigerador. Nos dias de calor causamos sobrecargas nas estações de energia pelo uso de muitos ventiladores e condicionadores de ar ao mesmo tempo. Nossa diversão é ir ao shopping e assistir no cinema um filme que substitui ao exercício das pessoas reais.


Confesso que sou dependente de produtos eletrônicos, em especial os de entretenimento. Não vivo sem computador (e muito menos sem o meu Blog). A minha Tv não está funcionando muito bem. Aparecem-me muitos fantasmas na tela e não sintoniza muito bem. Sei que está ruim porque tenho outra exatamente igual comprada há mais tempo que não está nessa situação. Já decidi que irei começar a juntar dinheiro para comprar uma nova e de tamanho razoável, o que significa passar um bom tempo privado de muitas regalias.

A Tv que escolhi para substituir a minha bela Panasonic 29” foi a Samsung Plasma 50” que custa R$2.000,00. Preferi a plasma por ter uma definição de contraste muito melhor que a LCD e a LED, isso sem contar que é mais “barata”. Imprescindível é que tenha conversor digital, pois em 2016 (logo ali na frente) o sinal da tv analógica não será mais transmitido e comprar uma tv que custa as minhas entranhas para daqui a pouco precisar gastar mais com equipamentos não faz parte dos meus planos.

Junto a ela, comprarei um blu-ray player da Panasonic que reproduz a mídia em 0,5 segundo. Tudo isso conectado ao meu Home Theater 5.1 da Vicini, ao meu Tablet Kyros da Coby e ao meu Mini System Sony. Isso sem contar meus celular e mp3 importados da China. Como disse, sou escravo de produtos eletrônicos e sempre estou arranjando algum outro para comprar. Já está na minha lista que segue à Tv um MacMini da Apple. Enfim, eu espero poder me libertar dos vícios eletrônicos e desejo o mesmo a vocês.


Wallpapers

Estes são os novos wallpapers do Blog. Em breve mais para vocês.



Casamento Real

Chegou o momento de comentar o tão assistido casamento real, que aconteceu neste último dia 29/04. Devo ressaltar que todo matrimônio é muito bem visto por mim, apesar de que não pretendo render-me a este sonho de grande parte dos seres humanos. Acho as festas de casamento muito especiais e emocionantes. Comida boa, exótica e farta sem nenhum custo seguida de música.

Neste em especial devo atentar para os fatos cômicos durante os protocolos. A expressão facial da garotinha na hora do beijo. Uma espécie de prisão de ventre misturada à raiva ou coisa do tipo, mas sabemos que foi pelo barulho ensurdecedor dos aviões que passaram naquele momento.

Acho que esta sátira que trago em vídeo poderia ter sido real. Combinaria com a calvície do príncipe e daria um ar cômico ao tradicionalismo inglês. De qualquer forma, acho que foi uma experiência válida para todo que assistiram. Uma grande distração para os nossos problemas. Achei também um exagero o que uma produtora se prontificou a fazer: um filme sobre a maravilhosa vida deles. Enfim... Parabéns aos noivos e que sejam felizes!


10.000 acessos

Obrigado pelos mais de 10.000 acessos e pelo primeiro lugar do meu nome nas pesquisas do Google. Estou muito feliz com isso.



29 de abril de 2011

Nós não vai a lugar algum


Vamos começar esta série sobre Erros de Português com o tão popular entre os cariocas: "nós vai". Essa expressão é vista nas classes de média a baixa e principalmente nos morros. Difundiu-se como uma espécie de gíria através do funk, estilo musical mais popular nestas classes no Rio de Janeiro.

Este tipo de anomalia linguística, por mais incrível que possa parecer, faz todo sentido entre os falantes de língua portuguesa. À medida que a nossa língua é redundante onde se falarmos algo no plural toda a frase precisa concordar estando sujeito, verbo, predicativo e objetos no plural, é muito frequente copiarmos outras línguas onde isso é incomum como o inglês, por exemplo. Surge a partir daí expressões como o 'nós vai' que são geradas quase inconscientemente como no surgimento dessas outras línguas.

É muito comum nessa expressão errar além da concordância, a grafia. Este fenômeno é explicado por duas influências. A primeira vem da diferença fonética, ou seja, o sotaque carioca que tem por característica acentuar as semivogais i e u no final de algumas sílabas. A segunda refere-se às linguagens usadas na internet que não seguem regras ortográficas e sintáticas e muitas vezes nem semânticas. Tudo isso contribui para que você ouça e leia a expressão "nois vai" com uma indesejada frequência.

O que mais chama a atenção é o que dizem os linguistas: a língua não evolui nem regride, mas se transforma sem que o indivíduo falante possa controlar. Sabe o que isso quer dizer? Que daqui alguns anos seu neto poderá passar no vestibular com uma redação intitulada "Nois vai ser um país diferenti".

Espero que não tenha usado dados muito técnicos ou de difícil compreensão. É difícil me controlar. Qualquer dúvida pode perguntar!

Até a próxima. E lembre-se: nois não vai a lugar algum.

ERROS DE PORTUGUÊS

Quem nunca ouviu expressões erradas do português como “nós vai”, “meio dia e meia” “quinhentas gramas”, “nove e pouca”, a lista é imensa. Imensa também é a lista das expressões erradas escritas que são comuns tanto quanto as faladas, porém menos perceptíveis. Em vista disso, estarei realizando por conta própria um trabalho que possivelmente transformarei em um livro de caráter cômico e popular (sem nenhum objetivo acadêmico ser o principal).

Através do novo marcador ERROS DE PORTUGUÊS, eu estarei publicando neste Blog observações sobre essas variações linguísticas observadas principalmente (mas não só) através da semântica (sentido), sintaxe (organização dos elementos) e ortografia (escrita).

Espero ajudar muitas pessoas que possuem dificuldade com a nossa língua-mãe e ao mesmo tempo deixar claro que língua portuguesa não é um bicho de sete cabeças. Se alguém quiser enviar alguma sugestão, dúvida ou qualquer expressão comum em sua região que considere absurda pode usar os comentários do Blog ou enviar um e-mail para nathanrodrigues@r7.com.

28 de abril de 2011

Cidade lagoa

Praça da Bandeira 1941
Praça da Bandeira 2011

Depois de tanta chuva na Tijuca, Praça da Bandeira e Maracanã (onde fica minha faculdade) um colega meu compartilhou essa letra na sala de aula. Alguns dormiram na universidade. Outros como eu, mataram a ultima aula e foram embora para casa antes da chuva cair. Enfim, são as águas que rolam desde 194...







Cidade lagoa 
(Sebastião Fonseca e Cícero Nunes)


Essa cidade que ainda é maravilhosa
Tão cantada em verso e prosa
Deste o tempo da vovó

Tem um problema vitalício e renitente
Qualquer chuva causa enchente
Não precisa ser toró

Basta que chova mais ou menos meia hora
É batata, não demora
Enche tudo por aí

Toda cidade é uma enorme cachoeira
Que da praça da Bandeira
Vou de lancha a Catumbi

Que maravilha nossa linda Guanabara
Tudo enguiça, tudo pára
Todo trânsito engarrafa

Quem tiver pressa seja velho ou seja moço
Entre n’água até o pescoço
E peça a Deus pra ser girafa

Por isso agora já comprei minha canoa
Pra remar nessa lagoa
Cada vez que a chuva cai

E se uma boa me pedir uma carona
Com prazer eu levo a dona
Na canoa do papai

Enxaqueca

Creio que a inspiração está fugindo de mim como formigas da chuva, mas não posso deixar de escrever. Há um tempo, prometi através desse mesmo Blog que não passaria nem um dia sem uma linha escrita, já que faz tão bem redigir pensamentos epifânicos. Na verdade quero conversar sobre dor de cabeça. Estou sentindo-as intensas novamente. Um dia, nos meus 16 anos, tomei 18 comprimidos de dipirona e a dor não passou. A partir daí tomo tarja preta para enxaqueca, mas não está resolvendo. Sei que café ajuda bastante, mas não resolve. E o pior é que se eu durmo com dor, quando acordo ela está pior ainda. Será que alguém sabe algum remédio natural para enxaqueca? Se souberem deixem um comentário por favor!!! 


27 de abril de 2011

Receita de herói


Receita de herói


Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.

(Reinaldo Ferreira em "Portos de Passagem" - João Wanderley Geraldi, São Paulo: Martins Fontes, 1991)

Bom Conselho


Bom Conselho
Chico Buarque

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

...pedaços do passado (V) ...

por Rui David


  • Máquina Canon
  • Modelo Canon EOS 5D Mark II
  • Exposição 1/5
  • Abertura f/18
  • Flash Não

Traseira de caminhão

Indiano está com braço levantado há 38 anos



Sadhu Amar Bharati: na Índia, um homem que virou símbolo dos seguidores de Shiva; em Esquisitices, motivo de sobra para virar notícia...
Até o começo da década de 70, Amar era um homem comum da classe média, com uma vida simples. Ele tinha emprego, casa, família e três filhos. Só que, um dia, ele acordou e resolveu que iria viver com o braço pra cima, em nome de sua devoção ao deus Shiva.
Segundo o site Oddity Central, em 1973, o cara reparou que ainda estava muito ligado às coisas materias da vida mortal e resolveu se separar dos demais fazendo o que sabe de melhor: manter o braço erguido. Exatamente, são 38 anos com a "axila ao vento", digamos.
Amar inspirou outros a levantarem o braço em nome da paz e da harmonia. Alguns alcançaram sete, 13 e até 25 anos assim. Mas ninguém conseguiu repetir seu feito.

fonte: R7

Um mundo sem noção

Há quem diga que é uma forma de preconceito e que temos que erradicar. As pessoas confundiram o preconceito com a falta de respeito. Os dois são ruins, porém diferentes. O primeiro é uma análise que é feita sem embasamento empírico e a segunda, uma reação mal educada. Quando uma coisa liga-se a outra a situação desestabiliza-se por completo.

Por mais que se queira negar, nós vivemos em uma sociedade preconceituosa e é um direito de cada cidadão deduzir por si próprio as conclusões (é assim que votamos em candidatos que só vemos nas campanhas). Acredito ainda que há muita gente sem noção e que provoca a ira preconceituosa da sociedade. Uma prostituta vai ao mercado como uma pessoa normal, mas e o gay? Por que tem que ir vestido como um pavão? O mercado não é uma boate, deixar-se-á a indumentária de dragqueen em casa. Não é que eu tenha alguma coisa contra, mas é que a sociedade não é obrigada a aceitar.

Veem-se na tv muitas passeatas, muitas discussões e no final todos voltam para casa e esperam outro dia chegar. Não adianta gritar aos quatro cantos que o Brasil é um estado laico porque todos sabem que não é. Não acredita? Experimente ir a uma churrascaria na Semana Santa. Ou ainda procurar um emprego sem ter passado por uma invenção católica chamada escola ou ainda por outra chamada universidade. Digo mais: tente andar nu em uma via expressa. Sim você será preso por atentado violento ao pudor, e por quê? Porque é pecado expor as suas vergonhas. Não caia em lorotas sensacionalistas. Essas coisas estão enraizadas pela nossa cultura. Tenha noção e entenda onde você está. Pode não ser certo, mas este mundo é tão sem sentido quanto todos nós.

25 de abril de 2011

Há de ser...

Eu tentei escrever ouvindo esta música, mas não consegui. Sua letra envolveu-me completamente. Há alguns minutos estava vendo comentários de meus amigos no Facebook sobre o plágio feito pelo grupo Parangolé sobre a banda de rock Angra. Faz-me pensar em como me tornei seletivo em relação à arte. Já fui do tipo que compravas tudo por conta da moda ou embalo de marcas e nomes. Posso ouvir desde samba, funk ou rock até MPB, clássica e gospel. Entretanto pra que algo entre pelo meu ouvido e fermente na minha massa encefálica precisa realmente ter conteúdo.


Aos que se lembrar do filosófico funk “A dança do quadrado” que colocava cada imbecil em seu lugar com uma ordem repetida dentro dos sete minutos da faixa. Fico emocionado em ouvir Ana Carolina contar sobre a composição de “Eu que não sei quase nada do mar”, quando recebeu um telefonema de Maria Bethânia pedindo que a mineiro que estivera tão pouco próxima ao mar fizesse a canção sobre ele. O fez com toda maestria sendo sincera junto ao cantor da música que vos segue, Jorge Vercillo. Esta semana parei para ouvi-lo com mais detalhes e hoje passando na ponte, ouvi esta música que está no cd DNA, com participação de Milton Nascimento. Quando eu saí da faculdade o bar em frente estava tocando “Minha mulher não deixa não” e alguns minutos depois eu ouço esta obra que nem sabia que estava no meu mp3. Deixo-lhes a letra e a canção que neste momento permeia o meu coração. Há de ser muito mais que uma poesia, uma paixão.




Há de ser
Jorge Vercillo

Há de ser bonito 
Há de ser 
Há de ser finito 
Há de ser 
Há de ser sereno 
Há de ser perene 
Há de ser efêmero 
Há de ser pecado 
Há de ser 
Há de ser sagrado 
Há de ser volúvel 
Há der ambíguo 
Há de ser altivo 

Construirei nosso ninho nas paredes do penhasco 
Pra que nenhum paparazzi ouse quebrar nosso casco 
Nas pedras de uma caverna vou deixar a nossa história 
Para que o vento do tempo não nos apague da memória 

Há de ser imune 
Há de ser 
Há de ser insone 
Há de ser 
Há de escândalo 
Há de relâmpago 
Ciclone 
Há de ser exílio 
Há de Ser 
Há de ser edílio 
Há de ser luxúria 
Há de ser promessa 
Há de ser ternura 

Cientistas e arqueólogos registraram indícios 
De que uma estranha energia paira por nossos vestígios 
O sentimento resistirá aos tempos como um fóssil 
E o mundo então saberá que ali viveram o amor mais forte 


PS: Respondendo ao post anterior: Eu ADORO o Jô. Foi uma homenagem, ao meu estilo, mas uma homenagem.

24 de abril de 2011

‘Pai do CD’ morre em Tóquio aos 81 anos



Ohga regia a Filarmônia de Tóquio uma vez por ano

O ex-presidente da Sony, Norio Ohga, apelidado de “pai do CD” por ser creditado como o responsável pelo desenvolvimento e a popularização do disco digital, morreu neste sábado aos 81 na capital do Japão, Tóquio, de acordo com a empresa.

Ohga, que presidiu a Sony entre 1982 e 95, morreu de falência múltipla dos órgãos. Ele ainda atuava como conselheiro da empresa.

Em 1953, ele foi recrutado pelos fundadores da Sony enquanto estudava para se tornar cantor lírico. Na época, os empresários ficaram impressionados com o conhecimento de Ohga em termos de som e engenharia elétrica.

Ele se tornou um dos poucos japoneses executivos antes dos 40 anos de idade e assumiu o cargo de presidente da CBS Sony Records (agora Sony Music Entertainment) na década de 70.

Beethoven

Ohga reconheceu logo o potencial do CD e liderou as iniciativas para o seu desenvolvimento.

Ele pressionou pelo estabelecimento de um disco de 12 cm de diâmetro que pudesse acomodar 75 de música, para que contivesse toda a Nona Sinfonia de Beethoven.

A Sony começou a comercializar CDs em 1982 e, cinco anos depois, o formato batia o LP em vendas no Japão.

Suas especificações moldaram outros formatos como o mini-disc e o DVD. Ele também levou a Sony ao ramo de games, com o desenvolvimento da Playstation.

Ele acumulava ainda o cargo de diretor da Orquestra Filarmônica de Tóquio e regia os músicos uma vez ao ano.

Fonte:BBC

Eu matei Jô Soares


- Pela Globo e pela CBN está começando agora mais um Programa do Jô.

Sempre sonhei em vê-lo dizer esta frase bem na minha frente. Adorava seu sorriso sarcástico repleto de ironia no falar. Viajei quilômetros para vê-lo. Ganhei até um beijo gordo.  Mas aquela seria a última vez que falaria esta frase. Eu teria que eternizar este mito e assim o fiz com todo o carinho de fã.

Pedi-lhe para tirar uma foto. Você foi muito além em sua gentileza. Convidou-me ao seu camarim. Conversamos algumas coisas, anedotas que ficaram no ar pré-morte. Tudo era branco como você gostava. Após tirar a fotografia e grafar um papel com uma dedicatória a meu nome despedi-me e fui caminhando em direção à porta. Reparei pelo barulho que abria os chocolates que eu carinhosamente lhe dei. Estes foram preparados especialmente para ser a sua última refeição. Tratavam-se de uma iguaria da Amazônia. Cada bombom fora recheado com o doce veneno de uma das espécies de cobras mais mortais já encontradas.

Percebi que mordia e saboreava ao presente como se fossem vindos do céu. O doce veneno provocava paralisia em todos os músculos. Em poucos minutos estava estatizado, quase nu, saboreando um delicioso bombom. Pensava em pedir ajuda, mas a boca não correspondia aos impulsos emitidos pelo cérebro. O coração palpitava em uma taquicardia sem fim. Os olhos esbugalharam-se e fizeram fechar pelo peso morto das pálpebras. O corpo velho e pesado não suportou a gravidade e caiu ao chão fazendo um estrondoso barulho. Assistentes correram para ver o que havia ocorrido, mas era tarde demais.

Pena que não pude fazer-lhe companhia e observar a sua ida. Fazia tempo que não matava ninguém e fora uma experiência maravilhosa começar por você. Afinal, sou seu fã de carteirinha. Bem, tenho que ir agora. Faz três horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

23 de abril de 2011

EU SEI, MAS NÃO DEVIA


Uma amiga (Carol Inácio Vianna) enviou-me este texto. Achei perfeito e combina comigo e com as pessoas que me acompanham neste Blog. Espero que gostem!





Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

COLASSANTI, M .Eu sei, mas não devia, Editora Rocco, 1996.

22 de abril de 2011

Paraíba’s Fair



Hoje foi mais um dos dias que testam a nossa paciência. Fomos eu e toda a minha família ao Centro de Tradições Nordestinas, a popular Feira dos Paraíba. Eu estava querendo ir lá há muito tempo, pois sou apaixonado pela comida nordestina. O problema é que meu pai estava junto. Como já disse incontáveis vezes aqui o meu pai foi agraciado pelos céus com o dom de tirar-me do sério.

Imagine por um momento uma refeição. Você está à mesa sozinho, o prato é um dos seus preferidos. De repente chega alguém. Vem por trás de você e estaciona à sua frente. Este observa-lhe algumas feições, a forma como você usa os talheres, faz da sua presença um objeto de análise como se fosse algum tipo de micróbio ou germe potencial elemento atômico. Depois deste evento, pergunta-lhe o que está comendo. Você responde irritado, porém paciente ao que obviamente depois de todo o exame a pessoa já sabe. Faz um comentário em tom infantil sobre a sua resposta, do tipo "Uhn que delicia, hein?". Você tenta controlar (por educação) a sua reação. A pessoa continua por ali parada a observar-lhe e formular perguntas óbvias e sem sentido até que sua refeição ou sua paciência termine.

Consegue imaginar isso todos os dias na sua casa e ainda ter que dizer que este cientista marciano é o que os terráqueos falantes de língua portuguesa chamam de "pai"? E aos que leram sobre a minha irmã em Cólera, deixo-lhes o bilhete que encontrei sobre a minha mesa em meu quarto junto a um ovo de páscoa daqueles que minha mãe faz para vender. Acho que ela também é border ou bipolar, mas com certeza não é normal.

Só de sacanagem


LUCINDA, Elisa. Ana e Jorge,  SonyBMG:2005.

Adoro Ana Carolina, sua voz é marcante e sua música não é feita simplesmente de ventos vazios e imperfeitos. Muitas vezes pego-me chorando ouvindo as belezas que esta mulher compõe. Vale realmente parar para ouvir. Este texto foi escrito por outra moça, mas que a Ana dramatizou muito bem. Deixo-lhes, só de sacanagem.

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

21 de abril de 2011

“Novo CD da Beyoncé traz ritmo de forró”

Eu ri horrores! Adorei.





Qual a mistura da cantora Beyoncé com o Forró Calcinha Preta? Seria difícil imaginar se não fosse pelo internauta Bruno Sartori, que se identifica como Bruno de Luuka. Ele, que possui um site de música chamadoMundo dos Playbacks, usou da tecnologia para encaixar, perfeitamente, o ritmo do forró nas músicas da artista ultrapop Beyoncé.
O resultado não poderia ser melhor. Diria até que a versão de “Halo” superou a original (por favor, fãs da Beyoncé, sem apedrejamentos). Ele fez até a montagem do que seria o CD da cantora em sua versão brasileira, que chamaria I am Maria Bonita. Muito bom!
(via Papel Pop)
Bruno Ferrari

Dona Flor e seus dois maridos

Vadinho o primeiro marido de Dona Flor, morreu num domingo de carnaval, pela manhã, quando, fantasiado de baiana, sambava num bloco, na maior animação, no Largo Dois de Julho, não longe de sua casa. Não pertencia ao bloco, acabara de nele misturar-se, em companhia de mais quatro amigos, todos com traje de baiana, e vinham de um bar no Cabeça onde o uísque correra farto à custa de um certo Moysés Alves, fazendeiro de cacau, rico e perdulário.


O bloco conduzia uma pequena e afinada orquestra de violões e flautas; ao cavaquinho, Carlinhos Mascarenhas, magricela celebrado nos castelos, Ah! um cavaquinho divino. Vestiam-se os rapazes de ciganos e as moças de camponesas Húngaras ou romenas; jamais, porém, húngara ou romena ou mesmo búlgara ou eslovaca rebolou como rebolavam elas, cabrochas na flor da idade e da faceirice.


Vadinho, o mais animado de todos, ao ver o bloco despontar na esquina e ao ouvir o ponteado do esquelético Mascarenhas no cavaquinho sublime, adiantou-se rápido, postou-se ante a romena carregada na cor, uma grandona, monumental como uma igreja - e era a Igreja de São Francisco, pois se cobria com um desparrame de lantejoula doirada -, anunciou:


- Lá vou eu, minha russa do Tororó...


O cigano Mascarenhas, também ele gastando vidrilhos e miçangas, festivas argolas penduradas nas orelhas, apurou no cavaquinho, as flautas e os violões gemeram, Vadinho caiu no samba com aquele exemplar entusiasmo, característico de tudo quanto fazia, exceto trabalhar. Rodopiava em meio ao bloco, sapateava em frente à mulata, avançava para ela em floreios e umbigadas, quando, de súbito, soltou uma espécie de ronco surdo, vacilou nas pernas, adernou de um lado, rolou no chão, botando uma baba amarela pela boca onde o esgar da morte não conseguia apagar de todo o satisfeito sorriso do folião definitivo que ele fora.


Os amigos ainda pensaram tratar-se de cachaça, não os uísques do fazendeiro: não seriam aquelas quatro ou cinco doses capazes de possuir bebedor da classe de Vadinho; porém toda a cachaça acumulada desde a véspera ao meio-dia quando oficialmente inauguraram o carnaval no Bar Triunfo, na Praça Municipal, subindo toda ela de uma vez e derrubando-o adormecido. Mas
a mulata grandona não se deixou enganar: enfermeira de profissão estava acostumada com a morte, freqüentava-a diariamente no hospital. Não, porém, tão íntima a ponto de dar-lhe umbigadas, de pinicar-lhe o olho, de sambar com ela. Curvou-se sobre Vadinho, colocou-lhe a mão no pescoço, estremeceu, sentindo um frio no ventre e na espinha:


- Ta morto, meu Deus!


Outros tocaram também o corpo do moço, tomaram-lhe do pulso, suspenderam-lhe a cabeça de melenas loiras, buscaram-lhe o palpitar do coração. Nada obtiveram, era sem jeito. Vadinho
desertara para sempre do Carnaval da Bahia.


(AMADO, Jorge. Dona Flor e seus dois maridos. Rio de Janeiro, Record:1966)

20 de abril de 2011

Cólera

É incrível como a raiva é um sentimento intenso. Parece que nos consome e transforma o corpo. Sinto uma espécie de pressão nas laterais traseiras do cérebro, como inchasse ou o crânio diminuísse de tamanho. Não sei dizer se isto é normal ou apenas um caso raro com o qual fui presenteado.

Hoje estava assistindo tv com a minha irmã. Estávamos só os dois em casa e ela soltou do nada a previa da implicância: "você é chato". Respondi sem nenhum estresse: "a recíproca é verdadeira". Neste momento, ela levantou-se do sofá, veio ate a mim que estava em outra cadeira e deu-me um tapa com toda a forca do punho. Respirei fundo para ver se a raiva se descentralizava, mas ela permaneceu ali e moveu a mão para a tentativa de outra agressão. Segurei-lhe o braço e com voz firme, porém baixa disse: "Pare de me bater! Pare de me perturbar!" Ela cruzou os braços e com expressão cômica e debochada proferiu uma negativa dizendo que "estava a fim de me perturbar" seguida de outra tentativa de agressao a qual em reflexo levantei furioso. Com medo ela saiu correndo para seu quarto e fechou a porta. Dei um soco na porta munido de toda a minha raiva e berrei: "Eu não estou de brincadeira!”.

Eu não agrediria a minha irmã, ate porque ela só tem doze anos. Contudo, seu físico é de uma pessoa bem mais velha e uma agressão pode causar problemas sérios, como uma vez ela abriu um buraco na minha cabeça com uma caneta em outra situação. Já ameacei ir à delegacia, mas todos aqui em casa acham que estou de brincadeira. Não sei até quando a minha paciência vai aguentar. Para mim quem agride uma pessoa não é outra coisa senão um criminoso e o lugar deste é atrás das grades.

Vem a minha mente a voz da minha mãe dizendo: "Você teria coragem de fazer isso com a sua irmã? Ela é sua família!" Ninguém pensou em família quando enfiou com toda forca a mão no meu rosto, como Dona Florinda que bate no Seu Madruga a toda hora. Se fosse com um animal não faria isso, nem em si mesma. Por que, então, eu tenho que ser saco de pancadas?

Acho que não aguentaria senão tivesse esse Blog para desabafar. Se esfaqueasse a parede nesses momentos, já teria sido a muito derrubada. Este é mais um desabafo.

FoG DaY II

por DaviD GaLdiNo



  • Máquina Canon
  • Modelo Canon EOS DIGITAL REBEL XSi
  • Exposição 20/1
  • Abertura f/22
  • ISO 100
  • MeteringMode Center-Weighted Average
  • Flash Não
  • Dist.Focal 10 mm
Sigma 10-20 f/3.5
Filtro Eliopan ND(10)Stops

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Governo lança campanha de doação de fones de ouvido a funkeiros

A prefeitura do Rio lançou uma campanha para acabar com o transtorno de passageiros de transportes coletivos. Essas pessoas são incomodadas diariamente por funkeiros que ouvem suas músicas preferidas no celular, tocando alto. O governo vai estimular a doação de fones com a campanha “Seu fone, meu sossego”.
Postos de arrecadação vão recolher fones e dar aos funkeiros e outros amantes de música. “Inicialmente pensamos que essas pessoas tinham alguma anomalia e que só ouviam com o ouvido dos outros, mas isso não se comprovou”, disse um técnico da prefeitura. Outra iniciativa é um projeto de lei que vai proibir toques de celular com refrão de funk. Quem quiser aderir pelo twitter pode dar RT para os seus seguidores clicando aqui. No Facebook, compartilhe com seus amigosclicando aqui.
Otileno Junior
acessado em 20 de abril de 2011.


Ps.: Pena que é falsa, mas estamos precisando de verdade.