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1 de outubro de 2011

Eu matei Valesca Popozuda

Odeio gente assim. Se aquele era seu instrumento de trabalho, seria por ele que ias morrer. Quem você pensava que era? Desculpe, não foi nada pessoal, é que nunca fui com a sua cara. Depois de muito tempo eu matei outra vez.

São 9 da manhã. A padaria está movimentada. Você entra destilando suas roupas apertadas. Pediu 600 gramas de mortandela e um pão com mantega. Sentou-se e antes de ir em bora foi ao banheiro.

Foi a oportunidade perfeita. Aquela foi um dia a minha padaria e sabia que aquele ventilador no box serviria para alguma coisa um dia. Pois, bem. As hélices começaram a rodar e cairam-lhe sobre a cabeça. Um olho sautou e parou próximo à porta. Você tentou gritar, mas a o ferro de outra das pás da hélice cortou-lhe a garganta. Você sufocou até olhar fixamente, com o olho que lhe restara, o vaso e suas fezes. Completamente nua e com o ânus totalmente exposto e sujo, suas forças bateram asas e partiram. Ainda lembro do seu rosto cheio de fezes e sangue.

Desculpe, disse que não era nada pessoal. Você implarava para ser morta. Eu eu prontamente atendi. Faz dois meses que não mato ninguém. Só por hoje. 

7 de agosto de 2011

Eu matei a bailarina




Sua voz era um tormento. Dava-me náuseas. Podia sentir cada bolha de gás estourar em meu estômago quando você abria a boca. Mas bastariam apenas alguns segundos e pronto. Nunca pensei em te matar. Mas desta vez era preciso.



A vista era tão bela e a altura tão grande quanto a magnitude do horizonte. Seus passos de bailarina encantavam a todos. Aqueles seriam seus últimos passos, os quais a levaria ao fim de tudo. Na sapatilha rosa havia um dispositivo arquitetado por mim. Depois de alguns passos sob o sol e o céu azul de primavera não estava mais sobre o chão.



Seus pés agora flutuavam muito acima da mureta de proteção do mirante. Seus olhos com medo eram para mim como um orgasmo. Houve uma pequena chuva de sangue quando ao começar a descer a cabeça chocou-se com a grande rocha que servia de base para a construção centenária. Algumas pessoas ficaram horrorizadas com o corpo que ao chegar à areia, tinha todo o sangue sugado pela água da rebentação.


Todos pensaram que fora um acidente, terrível fatalidade. Mas não foi. Eu matei a bailarina. Depois de tantos meses, meu corpo desejou outra alma. Faz quatro horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

28 de junho de 2011

Eu matei meu próprio filho


Foram nove meses com ele na barriga. O peso já fazia meu corpo tombar para frente tentando suster-se sobre duas pernas inchadas. Era como se um parasita se apoderasse do meu corpo, usando-o como casulo. Estava na hora daquele troço nascer e eu estava com tanto medo que pensei em morte.

O relógio marcava oito horas. Estava velho e acabado, mas fora o que o dinheiro pôde comprar. Senti uma dor terrível. Meu corpo era tomado por câimbras. Tentei segurar-me na parede, mas meus braços não correspondiam aos meus comandos. Senti algo descer pela minha vagina. Desejei com todas as minhas forças que fosse urina, mas o chão revelara o sangue que pingava como uma cascata. As pernas inchadas rastejaram até o banheiro. Sentei no vaso, sem mais forças e desmaiei. Mas só por alguns segundos. As contrações eram tão fortes que me fizeram acordar novamente.

Eu sentia meu copo se abrir. Uma dor enorme na vagina como se estivesse sendo rasgada. Tentei gritar. A voz ficou presa na garganta ou se perdeu em minha laringe. Aos poucos sentia aquilo sair de mim, deixando um espaço vazio, um alívio. E logo após o alívio, um choro irritante que se dissipou ao encontrar a água do vaso que a esta altura estaria misturada aos líquidos corpóreos expelidos pelo parto.

Ele era grande demais para ir com a descarga. Senti tanto nojo ao ver aquele bicho retorcendo-se. Senti mais ainda ao ter que colocar minhas mãos dentro do vaso. Abri uma sacola e o coloquei como se fosse uma matéria retornável à sua reciclagem. O lixeiro o levara esta manhã. Aos vizinhos disse apenas que nasceu morto. E quem disser que não que prove, então.

16 de maio de 2011

Eu matei o cara do correio


Fazia uma semana que esperava o meu pacote chegar. Todo o dia olhava o seu paradeiro. Recebi um e-mail da empresa dos Correios. Destinatário Ausente. Mas eu estava em casa. Resolvi não me preocupar. Dormi calma e serenamente. Esperei mais um dia. Outro e-mail chegou. Destinatário Ausente. Junto com a frase repetida uma ameaça de retorno ao remetente. Aquela encomenda era importante e mortal. Armei um acampamento na varanda da minha casa durante o dia que se seguiu. Vi a moto amarela com aquele símbolo ao fundo da rua. Sabia que o meu embrulho estava ali. O motoqueiro parou lá mesmo, buzinou três vezes e se foi.

A raiva consumiu meu corpo de maneira tal que não pude controlar meu reflexo. Entrei em meu carro e segui-o. Seu destino foi a velha agência dos correios do bairro. Ouvi a sua voz dizendo que eu não estava lá. Minha raiva chegou mais fundo. Desci do carro e fui saber do meu embrulho. Reclamei com a gerente, você não estava mais lá. Saída a “entregar” outra coisa. Resolvi então usar o meu pacote. Um veneno muito poderoso, extraído de uma espécie rara de cobra africana. Uma zarabatana e uma agulha foram o suficiente.

Você passou pelo meu carro e num sopro a agulha entrou no teu ombro. O desequilíbrio inevitável fez com que a moto tombasse com o seu corpo moribundo. Gritavas de dor num desespero infindo. Fiz questão de buzinar a sua moto e fazer com que fosse o último barulho que fosses ouvir. Você deixou este mundo tão atordoado que nem deve ter percebido. Faz três horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

5 de maio de 2011

Eu matei Luan Santana



Mais um show na sua brilhante carreira. Milhares de pessoas cantando a sua música. Nunca gostei dela. Pra falar a verdade sempre achei a sua voz bem irritante. Minha sede por matar estava consumindo a mente. Buscava a cada momento degluti-lo. Naquele dia me juntei às suas fãs e permaneci na primeira fila. A cada minuto que passava meu tédio misturava-se à ansiedade de fazê-lo partir desta vida. Pelo menos lhe concedi a benevolência de partir cantando.
                                                                       
As pessoas gritam o seu nome. As luzes de apagam. Tudo está à penumbra que não dura mais que alguns segundos. Quando as luzes se acendem posso ver bem a minha frente sua silhueta. “É o meu momento”, pensei. Mas acho que este não era só o meu pensamento... O som revelou-se alto e ensurdecedor. Você começou a cantar enquanto todas as meninas jogavam presentinhos fofos. Bichos de pelúcia, cartas, cuecas tamanho p, fotos e tudo mais. Eu não poderia deixar de presenteá-lo.

Para minha felicidade, o público não estava bem iluminado e bastou jogar-lhe uma garrafa. O vidro da pequena garrafa quebrou-se revelando o velho truque do Coquetel Molotov. Sua camiseta começou a pegar fogo e sua voz deixou de acompanhar a música. A multidão começou a gritar. Ninguém sequer desconfiava que houvesse sido eu o autor do crime. Alguém tentou apagar o foco que já não consumia somente sua camisa, mas também a calça e o corpo. Algum assistente tentou apagar o fogo com algo parecido com água que reagiu provocando mais gritos seus e mais fogo. Já não se contorcia. Não vocalizava. Você já não existia mais.

Aquelas criaturas histéricas ao meu lado começaram a chorar. As pessoas começaram a deixar o local e eu fiz o mesmo. Foi tão divertido, tão sublime. Faz oito dias que eu não mato ninguém. Só por hoje.

24 de abril de 2011

Eu matei Jô Soares


- Pela Globo e pela CBN está começando agora mais um Programa do Jô.

Sempre sonhei em vê-lo dizer esta frase bem na minha frente. Adorava seu sorriso sarcástico repleto de ironia no falar. Viajei quilômetros para vê-lo. Ganhei até um beijo gordo.  Mas aquela seria a última vez que falaria esta frase. Eu teria que eternizar este mito e assim o fiz com todo o carinho de fã.

Pedi-lhe para tirar uma foto. Você foi muito além em sua gentileza. Convidou-me ao seu camarim. Conversamos algumas coisas, anedotas que ficaram no ar pré-morte. Tudo era branco como você gostava. Após tirar a fotografia e grafar um papel com uma dedicatória a meu nome despedi-me e fui caminhando em direção à porta. Reparei pelo barulho que abria os chocolates que eu carinhosamente lhe dei. Estes foram preparados especialmente para ser a sua última refeição. Tratavam-se de uma iguaria da Amazônia. Cada bombom fora recheado com o doce veneno de uma das espécies de cobras mais mortais já encontradas.

Percebi que mordia e saboreava ao presente como se fossem vindos do céu. O doce veneno provocava paralisia em todos os músculos. Em poucos minutos estava estatizado, quase nu, saboreando um delicioso bombom. Pensava em pedir ajuda, mas a boca não correspondia aos impulsos emitidos pelo cérebro. O coração palpitava em uma taquicardia sem fim. Os olhos esbugalharam-se e fizeram fechar pelo peso morto das pálpebras. O corpo velho e pesado não suportou a gravidade e caiu ao chão fazendo um estrondoso barulho. Assistentes correram para ver o que havia ocorrido, mas era tarde demais.

Pena que não pude fazer-lhe companhia e observar a sua ida. Fazia tempo que não matava ninguém e fora uma experiência maravilhosa começar por você. Afinal, sou seu fã de carteirinha. Bem, tenho que ir agora. Faz três horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

3 de abril de 2011

Eu matei (capa)


A capa do meu livro. Não me perguntem quando vai sair (falta grana e tempo). Mas tá aí...

2 de abril de 2011

Eu matei a moça do vestido branco


Era um dia como qualquer outro, mas não para mim. Estava tentando parar outra vez. A minha mente disparava. Eu precisava saciar a minha vontade de matar. Nem sequer sabia o seu nome. Só sabia que estava a minha frente no ônibus. Primeiro a segui até o shopping. Um lugar bem propício. Há muita gente, muita distração. Você usava um vestido branco. Uma moça tão singela, tão simpática. Tudo em você me chamava. Era como se a morte pegasse-me pela mão e levasse-me ao seu corpo.

Entrava em quase todas as lojas. Comprava algo. Eu fingia paquerar-te. Apenas fingia. Puxei uma conversa descontraída e você sucumbiu às minhas palavras. Convidei-a a um café. Não. Não iria matar-te com café envenenado, seria muito amador. Seus cabelos curtos chamavam a atenção. Era charmosa. Eu só queria sua vida, apenas isso. Enquanto eu a observava, falava-me da sua vida. Era professora de jardim e infância. Adorava crianças, pena que eu as odiava. Pena. Senti pena, mas só por um momento.

Prometi acompanha-la até em casa. Pena que você nunca chegaria lá. Saímos do shopping caminhando até o ponto de ônibus. O semáforo mostrava o verde enquanto aguardávamos. Os carros corriam, voavam. Você desdenhava a falar enquanto eu passava minha mão por suas costas e empurrei-a em um instante. Quem passava por ali pensou que tivesse se desequilibrado do salto. Um carro cor champanhe passava na hora. Da sua cabeça restou apenas uma peruca embebida em sangue. O motorista saiu do carro desesperado. Eu fiz meu papel. Chorava a sua morte. Aos poucos as pessoas começavam a se aglomerar.

Levaram-me ao hospital para me dar “tratamento psicológico”. Saí de lá rindo e feliz. Estava satisfeito em mata-la. Faz quinze minutos que eu não mato ninguém. Só por hoje.

Um pouco de Mary...

Aí vai uma parte (do início) do meu livro "Eu matei - O diário de um Serial Killer". Espero que gostem!
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(...)
Aquele dia terminou assim. Uma investigação não concluída, um assassino a solta, e mais uma bronca dos seus superiores. Mary ao chegar em casa quis descansar, mas não poderia. Há muita coisa a fazer. O jantar, a roupa, a limpeza, as crianças. Tudo precisava da sua atenção. Ela não pensava em outra coisa senão no diário que pegara na cena do crime.

Abre a porta do quarto. Finalmente o dia acabou de verdade. Cerifica-se de que a porta está realmente fechada e que ninguém irá interrompê-la. Deita-se na cama procurando uma posição confortável. Olha atentamente a capa. Uma espécie de couro marrom que cobre centenas de folhas amareladas, não pelo tempo, mas pela própria natureza daquele tipo de papel. Ali estava a alma do maior assassino do Brasil. Há boatos de que ele seria uma pessoa famosa ou algum empresário frustrado. Outros ainda acreditam que se trata de um maníaco sexual. Mary mesmo acompanhando o caso há mais de dez anos não saberia dizer do que realmente se tratava. Mas estava prestes a descobrir. A alma daquele monstro estava presa naquele papel e ela sabia disso. Ela sentia só de olhar a capa de couro. A lateral manchada de sangue contava aquele diário estava bem próximo de alguma morte. Pela primeira vez em anos Mary teve medo do que iria encontrar naquelas páginas. Fechou os olhos e contou... Um... Dois... Três... E... Já!

A primeira página estava em branco, o que alimentou muito mais sua ansiedade. Ela foleou até encontrar um texto. Escrito à caneta vermelha. Olhava a data no topo da página que era seguida, na linha inferior por um título e em duas linhas abaixo o que ela havia lutado tanto para descobrir.
(...)

27 de março de 2011

Eu matei Fernanda Sapatão


Era uma terça feira. A terça era o dia mais chato da escola. Era dia de aula com Fernanda Leitão. Todos a conheciam como Fernanda Sapatão por acreditarem que fosse lésbica. Mas esse não era o problema. Ela não sabia explicar a matéria que lecionava. Até que eu no auge dos meus 13 anos matei por prazer pela primeira vez na vida.

Primeiro, sem que ninguém visse, cheguei antes da aula e espalhei pó de mico em suas mesa e cadeira. Ela chegou na hora da aula e sentou. Todos já estavam na sala. Ela tirou uns papeis da bolsa e começou a coçar-se. Alguns colegas começaram rir. Ela saiu correndo em direção ao banheiro. Eu fui atrás, pedindo-lhe para ir ao banheiro. Ela fez sim e nem notou que eu a seguia e levava comigo, junto ao corpo, por baixo da roupa, uma faca. Pequena, mas suficiente para dar um fim aos dias de aulas chatas.

Ela levava o rosto, distraída, que nem percebeu a minha presença. O golpe teria que perfeito. Aquela adrenalina me consumia desesperadamente. Não contei até três. Apenas fiz. A faca entrou pelo seu pescoço. O sangue começou escorrer e sem poder gritar, morreu ali mesmo, naquele banheiro sujo do Colégio São Gonçalo. Lembrei disso hoje de manhã e achei que devesse fazer parte deste diário.

Até a próxima morte.

19 de março de 2011

Eu matei Regina Casé

Parecia que estava tudo acabado. Eu passei um ano sem matar até que eu a vi bem ali, na minha frente. Cabelos longos e negros. Personalidade forte. Tudo perfeito. Mas eu nunca gostei da sua boa fama de gente fina. Eu queria dar-lhe um presente. O último da sua vida.

Soube por uma amiga que você iria fazer um programa de auditório. Era a minha grande chance. Dei meu nome (o falso, claro) para a caravana. No dia marcado eu estava lá. Você chegou imponente, falando com todo mundo. Em minhas mãos, um embrulho perfeito. A linda caixa de presentes preparada com todo o carinho. Vermelha com laços dourados.

Chamei-lhe pelo nome, em maio a multidão da plateia. Você com sua simplicidade ridícula atendeu-me com o carinho de sempre. Não poso dizer que não gostava de você. Na verdade eu precisava de alguém como você para satisfazer a minha sede de morte. A caixa continha em seu interior uma pequenina bomba. O artefato não foi nada difícil de fazer. Uma vez que se pode fazer um vulcão soltar lava da mesma forma. Tudo de pende da proporção. No seu caso era perfeito.

Tudo mundo aguardava ansiosamente ao início da gravação. Você levou o presente para o camarim e nunca mais saiu de lá. O barulho foi ouvido até no estúdio. Tudo queimou. Seu rosto desfigurou-se por completo. As roupas esfarelaram-se em cinzas. Todos só se preocupavam em leva-la ao hospital. Mas era tarde demais. Você não respirava mais. Ainda lembro-me das suas últimas palavras pra mim. “Ah que lindo!!! Muito obrigada!!!” 

11 de março de 2011

Eu matei a moça do Mc Donald’s

Não tinha muita gente. A lanchonete já ia fechar. Pedi um Big Mac SEM PICLES. Eu falei e repeti audivelmente. Antes tivesse falado em latim clássico, seria mais bem compreendido. Depois de alguns segundos ela me deu o sanduiche. Eu já estava feliz, embalado pelo êxtase do momento. Foi uma mordida com gosto. Eca! Picles! Eu poderia ter reclamado. Mas resolvi fazer melhor. Guardei o picles em uma saquinho plástico, comi o meu sanduiche e fui-me para o ponto de ônibus onde a moça provavelmente esperaria a condução.

Não fiquei nem dez minutos no aguardo. Era uma e meia da manhã e a rua estava deserta. A moça não olhou para trás. O picles agora estava na minha mão. Aproximei-me por trás e fiz-lhe sentir o sabor que eu tanto odiava. Ela tentou relutar. Mas segurei forte. Sussurrei bem claramente ao seu ouvido: “Eu disse sem picles”. Não demorou muito para que sufocasse.

O corpo permaneceu ali no ponto de ônibus até o amanhecer. Sei que parece ridículo, mas eu fui bem claro. Pessoas assim não merecem viver. Espero mesmo que tenha sentido o sabor do picles. Foi a última coisa que sentiu. Sinto-me bem melhor agora. Até a próxima morte.

5 de março de 2011

Eu matei a família Marinho


Eu nunca havia matado tantas pessoas de uma só vez. Parecia que eu estava realizando um sonho e juntamente com o de milhares de pessoas. A família Marinho constituiu um império que aniquilava qualquer forma de pensamento. Mas aquele globo se quebraria naquela noite.

Passei dois meses trabalhando naquela casa. Mudei meu nome, meus hábitos e até meu jeito de falar. Eles me conheciam como Fernando. Eu fazia de tudo, mas naquela noite fui encarregado de servir o jantar. Não era uma noite qualquer. Era a comemoração de aniversário da fundação das empresas da família. A última que eles iriam prestigiar.

O show desta vez teve que ser mais sofisticado. Abri seis garrafas de vinho, dos bem caros e após servi-los, deixei as garrafas com metade de seu conteúdo. Cada garrafa continua em sua base um pequeno “defeito” devidamente arquitetado por mim. Depois de algum tempo elas iriam tombar praticamente ao mesmo tempo, derramando a bebida pelos ilustres familiares.

São dez e meia da noite. Eles saboreiam diversos pratos. A primeira garrafa cai, derrubando tudo sobre a mesa e algumas pessoas. Começa um alvoroço. Mais duas garrafas caem desta vez sobre um arranjo com velas, provocando um incêndio. Um menino de dez anos vira uma tocha. As outras garrafas caem. O fogo segue o rastro do vinho. Todos estão pegando fogo. Apenas algumas seguimos se passam até que o carpete se incendeia também. Agora toda a sala de jantar está em chamas.

Fiz questão eu mesmo de chamar os bombeiros para demonstrar a minha solidariedade e compaixão. Mas não encontraram ninguém vivo ali. Foi realmente uma pena. Faz duas horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

26 de fevereiro de 2011

Eu matei Muhamar Kadhafi


Você não merecia o poder que tinha. Não mesmo. Tanto que as pessoas não o queriam mais. Nem eu. Depois das minhas férias no Egito, resolvi passar uns dias na Líbia. Ouvi dizer que é um país muito interessante. Exceto pelo seu presidente, Muhamar Kadhafi. Que por uma fatalidade não está mais entre nós.

Estar em países muito quentes, onde sua pele muda de cor com o tempo e te faz parecer com os nativos, ajuda a praticar um pouco de “solidariedade”. Você era tão ridículo quanto o seu governo. Um incompetente que só sabia matar pessoas inocente. Mas isto acabou. Depois de matar Mubarak, você seria o próximo.

Bastou-me apenas vestir uma roupa preta e carregar uma mala. Disse-lhes que trouxera os microfones para o discurso do presidente. Os oficiais averiguaram o conteúdo e viram que realmente havia um microfone e alguns cabos. Tudo montado. O presidente aproxima-se da sacada em ruínas. Fala alguma coisa, mas não sai som. Meche em algo e... Boom!!! Tudo vem abaixo aos olhos de milhares de câmeras da imprensa mundial. Sacada e presidente se foram em um piscar de olhos. Aquele microfone tratava-se de uma bomba. Bastava apenas acionar o botão do microfone e pronto. Impulsos elétricos viriam da mesa de som provocando uma explosão suficientemente mortal.

Manifestantes de oposição comemoravam. Oficiais tentavam ir ao encontro dos escombros. Enquanto isso eu apenas saía pela porta dos fundos. Meu voo sairia em três horas. Kadhafi não deu uma palavra sequer. Ninguém mais queria ouvi-lo. Antes que se pudesse prever alguma coisa, os manifestantes iniciaram uma invasão para impedir que os filhos do ditador tomassem a presidência. Entraram na ruina e destruíram tudo e mataram todos.

Até a próxima morte. Não vou mais tentar parar. Não posso.

24 de fevereiro de 2011

Eu matei um rostinho bonito

Você era tão doce. Tão suave. Chegou perto de mim e perguntou-me as horas. Não me apaixonei, mas vi em seus olhos um amor que eu buscava. Cabelos longos, boca pequena, pele clara. Era uma princesa. Era.

Fui falar-lhe alguma coisa. Minha foz se foi. Pedia-me alguma explicação com o olhar. Pôs-se a conversar e a falar sobre tudo. Era bem melhor que ficasse em silêncio. Depois de dez minutos deixei a paz de amor que me tomara ir com o vento, que carregava a minha momentânea epifania. Convidei-lhe a um café, antes que chegasse a hora do voo.

Desta vez descartei a hipótese de usar o veneno de rato que sempre levo comigo. Estava cansado de mortes muito amadoras. Agora carrego comigo soda cáustica em flocos. Você se sentou enquanto eu pedia o café e antes de chegar à mesa o seu já estava “presenteado”. Bastou apenas um gole. Parte da sua boca começou a corroer-se. Começou a gritar, e eu disfarçadamente fiz o mesmo.

No fim você foi apenas um rostinho bonito. As pessoas no aeroporto começaram a entrar em pânico, pensando que a culpa era da cafeteria. Sabe, o ruim de ser um assassino assim é que você nunca pode receber a sua fama (a não ser, claro, se você quiser ser pego). Faz seis horas que não mato ninguém. Só por hoje. Não por mim, nem por ninguém.

21 de fevereiro de 2011

Escrevendo

Estou tão distraído com a elaboração do meu livro que sobram poucos posts sobre o EU MATEI. Estou terminando e dando vida ao que antes parecia um monte de histórias soltas. Agora há coisas que vocês não verão no Blog, pois obviamente se eu postar tudo aqui não sobrará nada pelo que as pessoas se interessem. Se é que ele será lançado algum dia. Mas espero que esse livro seja a voz de muitas pessoas que gostaria de expressar a sua raiva através de um assassinato (fictício, é claro). Gostaria que deixassem nos comentários sugestões de pessoas as quais devo matar ou que vocês gostariam de verem mortas. Pode ser famoso, algum parente, quem vocês quiserem.

Um abraço.

Eu matei Justin Bieber


São duas da manhã. Fazia oito dias que eu não matava ninguém, mas você realmente precisou da minha ajuda. Você já não sabia o que era e eu realmente não estava a fim de descobrir por você. Não havia tempo para isso. Aquela era a sua primeira vez no Brasil. Primeira e única. Afinal, eu nunca deixo uma morte inacabada.

Depois de anos, o Rock in Rio voltou ao Brasil e você veio cantar aqui. Muita gente ainda acredita que a segurança desses lugares é impecável. Como já disse, nenhuma segurança é perfeita. Precisei apenas de um terno. Uma vez lá dentro, só iria sair depois que você não estivesse mais ali. Você nunca chegaria a se apresentar.

Entrei na cozinha como um simples copeiro. Carregava um carrinho com todas as porcarias que você havia pedido. Entrei no camarim e fechei a porta. Nenhum segurança lá dentro. Só você e um maquiador. Sei que parece tão antiquado, mas usei do veneno de rato outra vez. Não era algo que me agradasse, pois gostaria de mata-lo com fogos de artifício. Ouvi um “thank you” e fui embora.

“Foi levado para o hospital agora pouco o cantor canadense Justin Bieber. O cantor passou mal após comer panquecas e bacon. Há suspeitas também de envenenamento”. Eu ri tanto quando ouvi isso no rádio. Quase bati o carro na hora. Depois de um tempo muitas crianças chorando. Mas o que importa é que estou feliz. Pena que não pude ficar lá para ver o seu corpo se contorcer de dor enquanto seus músculos se contraíam.
Faz dois minutos que eu não mato ninguém. Só por hoje.

16 de fevereiro de 2011

Eu matei José Sarney


Ele não queria deixar o poder. Então eu tive que ajuda-lo a superar isso. Brasília era uma cidade que eu não gostava. Muito calor. Não havia mar. E muita gente corrupta. Não que soubesse algo sobre você, mas decidi que já era hora de você deixar este mundo.

Fui visitar naqueles dias uma amiga que morava na cidade há alguns anos. Passei apenas dois dias. Até que te encontrei no aeroporto. Você estava no mesmo voo que eu. Uma grande pena eu ter ficado na poltrona ao seu lado. E não pense que isso me deu facilidades para mata-lo, pois não poderia passar com armas no aeroporto. Tive que usar a técnica.

Você teve a infelicidade de viajar sozinho. Você na janela e eu ao seu lado. Apenas pressionei a Jugular. 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2...1! Acabou. Recostei sua cabeça à janela como se tivesse adormecido, o que não era mentira. Você não merecia mais este mundo. Eu apenas lhe fiz um favor. Não em leve a mal, mas é algo extremamente pessoal. Sua política é fraca demais. Era...

Enfim pousamos. Todos os passageiros saíram um por um. Mas você permaneceu ali. Uma aeromoça tentou acordá-lo, sem sucesso. Começou a ficar nervosa e a gritar pedindo socorro. Chamaram um médico, que lhes revelou o pior. Mas todos pensaram que havia sido apenas uma parada cardíaca. Eu estou tentando parar, mas a morte guia minha mão, como um pintor ao pincel. Faz 15 minutos que eu não mato ninguém. Só por hoje.

9 de fevereiro de 2011

Eu matei minha irmãzinha


Eu acho que parei de matar. Não senti vontade, pelo menos. Tudo que fiz não me arrependo de nada. Sei sou um assassino cruel e indomável. Mas não consigo me ver de uma forma diferente senão a de um benfeitor para o mundo. Mas nem sempre foi assim. Estive revirando uns álbuns de família, vendo as fotos de um passado infeliz. Eu nunca fui uma criança normal, apesar de ter tudo o que uma criança precisa: pai, mãe, casa, brinquedos e... Irmã. Pena que ela não durou muito. Sabe... Acontecem acidentes quando você é uma criança de dez anos e tem uma irmãzinha de três perto de você. Eu já disse, eu era uma criança perturbada. Não tinha amigos. Eu vivia trancado dentro de casa. Minha pele era excessivamente branca por conta do confinamento. Meus pais eram superprotetores e eu fui tornando-me psicótico.

Certa tarde, estávamos apenas minha irmã e eu em casa. Minha mãe estava na casa da vizinha conversando algum assunto sem mais importância. A pequena criança dormia calme e serena em seu berço e eu procurava algo para passar o tempo. Até que ela resolveu acordar. A culpa não foi minha. Ela que acordou. Começou a chorar. Eu não conseguia fazê-la parar. Não podia deixa-la sozinha, minha mãe iria brigar comigo. Então não tive dúvidas: matei pela primeira vez.

Havia um vem sobre o berço que protegia contra mosquitos e insetos. Ele não era tão perigoso, mas foi essa a desculpa que todos por natureza acreditaram. Enrolei o seu rosto no véu e dei-a chorar. Mas ela continuava. Invadia minha mente com a sua gritaria. Criança chata. Parti então para uma atitude mais enérgica. Enrosquei o véu em seu pescoço. Agora não chora mais tão alto. Aos poucos sua voz vai embora. Sufoca ao tentar se soltar. Enrosca-se mais e mais. Até que... Acabou. Ela não está mais ali. Estou sozinho outra vez. Saí do quarto e fui para a sala assistir tv, como se a vida daquela criança não passasse de uma brisa. Minha mãe ao chegar perguntou-me se ela havia chorado. Disse-lhe não com uma naturalidade que até hoje não se de onde tirei. Continuei com os olhos fixos na tela. Ela foi até o quarto. Gritou. Desenroscou o corpo e voltou chorando com o cadáver na mão. Pensei que ela fosse desconfiar de mim. Mas deduziu que eu, um menino de dez anos, não teria coragem de matar minha própria irmã. Quem sabe da próxima vez?

Tudo se acertou como um acidente doméstico e nada mais. Eu nem me lembrava disso. Para quê? Há um velho provérbio chinês que diz: “O passado é história. O futuro, um mistério. Mas o hoje... O hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente”. Então, querido diário, vamos à velha frase de sempre (isso já está me enchendo o saco, um dia desses ainda mato o cara que inventou isso): faz uma semana que eu não mato ninguém. Só por hoje. 

4 de fevereiro de 2011

Eu matei Luana Piovani


Todos nós temos em nosso caminho algumas pessoas com a qual não “vamos com a cara”, pois bem, eu não vou com a sua. Nunca havia cruzado com você. Até hoje. Até por que, o Rio de Janeiro é uma cidade muito grande, há muitas pessoas. Mas em algum momento todo mundo se esbarra. E você esbarrou em mim na hora e no lugar errado.

Um dos restaurantes mais caros da cidade. Você estava almoçando com uma moça. Você sempre foi falsa e mentirosa. Mostrava a todos isso apenas ao falar. Você e a verdade são antagônicas. Vestir-me de garçom não foi nada difícil. Apenas peguei um avental preto que estava pendurado em um canto próximo à porta. Peguei o meu prato (que para sua infelicidade era exatamente o mesmo que você havia pedido também) e coloquei um “tempero especial”.

“Tenha um bom apetite”. Você nem sequer olhou-me. Saí do restaurante e entrei no carro para evitar alguma suspeita. Observava ao show apenas pelos vidros do estabelecimento. Bastaram apenas alguns minutos. Você começou a contorcer-se de dor. Gritava. Por um instante estava tudo bem. Agora estava em pânico. Apenas alguns segundos e já estria longe dali.

Você cai no chão. A luz se foi. Procura-a em algum lugar, mas está cega. A cabeça dói como se estivesse sendo espancada. Os músculos se contorcem em cãibras múltiplas por todo o corpo. E fim. Você se foi. As pessoas olhavam ao escândalo com medo. A polícia chega. A ambulância também. Já era tarde. Você já tinha ido. Estou mesmo tentando parar. Mas depois de três dias sem matar, eu matei. Faz doze horas que eu não mato. Só por hoje.