19 de março de 2011

Eu matei Regina Casé

Parecia que estava tudo acabado. Eu passei um ano sem matar até que eu a vi bem ali, na minha frente. Cabelos longos e negros. Personalidade forte. Tudo perfeito. Mas eu nunca gostei da sua boa fama de gente fina. Eu queria dar-lhe um presente. O último da sua vida.

Soube por uma amiga que você iria fazer um programa de auditório. Era a minha grande chance. Dei meu nome (o falso, claro) para a caravana. No dia marcado eu estava lá. Você chegou imponente, falando com todo mundo. Em minhas mãos, um embrulho perfeito. A linda caixa de presentes preparada com todo o carinho. Vermelha com laços dourados.

Chamei-lhe pelo nome, em maio a multidão da plateia. Você com sua simplicidade ridícula atendeu-me com o carinho de sempre. Não poso dizer que não gostava de você. Na verdade eu precisava de alguém como você para satisfazer a minha sede de morte. A caixa continha em seu interior uma pequenina bomba. O artefato não foi nada difícil de fazer. Uma vez que se pode fazer um vulcão soltar lava da mesma forma. Tudo de pende da proporção. No seu caso era perfeito.

Tudo mundo aguardava ansiosamente ao início da gravação. Você levou o presente para o camarim e nunca mais saiu de lá. O barulho foi ouvido até no estúdio. Tudo queimou. Seu rosto desfigurou-se por completo. As roupas esfarelaram-se em cinzas. Todos só se preocupavam em leva-la ao hospital. Mas era tarde demais. Você não respirava mais. Ainda lembro-me das suas últimas palavras pra mim. “Ah que lindo!!! Muito obrigada!!!” 

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