29 de junho de 2009

A Visita

Ora! Ora! Se não é a velha solidão. A quantas não lhe vejo? E com todo respeito, adoraria que caísses em esquecimento. Não que sejas má, mas toda vez que me visitas, sinto-me destroçado. Rola-me as lágrimas pela face. A voz se embala num ziguezague que não tem fim. Então diga-me. O que queres, solidão?
Teus punhais acertam-me bem no átrio. O sangue corre pelas veias cada vez mais devagar. A voz grita em silêncio e o ar se torna cada vez mais pesado. É o fim.
—Não! É o início de um começo! – Interrompeu-me.
— Começo de quê? Estais a me atormentar a alma e me dizes que não é o fim? Quem estais apensar que és?
— Acalme os ânimos!
— O quê?
— Esqueça! Quando chegar a hora vais me entender.
Deu-me as costas me deixando na agonia do momento. Ela tinha razão. Não era o fim. Foi o começo de um novo ciclo de suas visitas.
— Quando chegará fim?
— Quando tudo acabar.
— Mas quando se sucederá isto?
— O tempo dirá.
Então saí de casa. Propus-me a fazer uma visita ao tempo. O energúmeno estava de férias. Desolado, voltei para casa e passei o resto do domingo assistindo tv. Que vida medíocre! Espero que a sua esteja melhor.

22 de junho de 2009

EU MESMO EM TODOS ELES


Parece ser o mesmo instante, mas não e bem assim. Se olhar lá no fundo vai ver quem é bom e quem é ruim. Fui parar a olhar a mim mesmo e obtive uma inadjetivável surpresa: sou eu a minha própria preza.


Mas que infame meu ridículo senso de bobagem. Inventei uma cena como num teatro. Fiz muito bem meu papel. A platéia aplaudiu boquiaberta, admirada com tamanha interpretação.


Bobo sou pela minha ignorância. Não percebi que me feria sonhando com o surreal. Não era para ser triste, nem melancólico. O drama nem era tão bom assim. O incrível é que me faço a mesma velha pergunta sempre, mas ainda não consigo responder: “Quem sou eu?”.


Fingido, arrogante, trapaceiro? Emotivo, chorão, encrenqueiro? Use o adjetivo que melhor lhe parecer. Essa é a pergunta que eu nunca vou saber responder. Só sei que sou eu mesmo em todos eles. Assumo as minhas multifaces. Bato no peito. Grito que não sou o herói da história. Quando escrever uma voltarei. Ai sim, serei rei.

16 de junho de 2009

Eu ando tão só


Quem diria que as palavras iriam me faltar?
Eu to me sentindo sozinho esses dias
Mas é claro que a humanidade me cerca
Mas não faz com que eu me sinta bem
As lágrimas rolam navalhas
Os soluções me são explosões
O ar nem sequer entra em meus pulmões
Eu ando tão só

9 de junho de 2009

Um Abraço...

Um dos presentes mais especiais que já recebi foi um abraço que um amigo me deu. Sou uma pessoa sensível, carente. Não sou gay. Sou sensível.
Às vezes preciso de algo mais que um "bom dia" qualquer. Preciso de um pouco mais que educação. Preciso de um abraço. Algumas tribos africanas acreditam que o abraço é a transferencia de forças de uma pessoa para outra. Para mim, o abraço é o encontro de dois corações que se juntam para somar as forças vitais.
Não sei quanto custa um abraço, mas o que sei é que mesmo que o dinheiro possa o comprar, não consegue somar as forças do coração. Os braços se encaixam e unem o corpo e a alma em uma só criatura.
E só quero um abraço. Não sou emo. Não sou gay. E só quero um abraço.