29 de junho de 2009

A Visita

Ora! Ora! Se não é a velha solidão. A quantas não lhe vejo? E com todo respeito, adoraria que caísses em esquecimento. Não que sejas má, mas toda vez que me visitas, sinto-me destroçado. Rola-me as lágrimas pela face. A voz se embala num ziguezague que não tem fim. Então diga-me. O que queres, solidão?
Teus punhais acertam-me bem no átrio. O sangue corre pelas veias cada vez mais devagar. A voz grita em silêncio e o ar se torna cada vez mais pesado. É o fim.
—Não! É o início de um começo! – Interrompeu-me.
— Começo de quê? Estais a me atormentar a alma e me dizes que não é o fim? Quem estais apensar que és?
— Acalme os ânimos!
— O quê?
— Esqueça! Quando chegar a hora vais me entender.
Deu-me as costas me deixando na agonia do momento. Ela tinha razão. Não era o fim. Foi o começo de um novo ciclo de suas visitas.
— Quando chegará fim?
— Quando tudo acabar.
— Mas quando se sucederá isto?
— O tempo dirá.
Então saí de casa. Propus-me a fazer uma visita ao tempo. O energúmeno estava de férias. Desolado, voltei para casa e passei o resto do domingo assistindo tv. Que vida medíocre! Espero que a sua esteja melhor.

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