7 de agosto de 2011

Eu matei a bailarina




Sua voz era um tormento. Dava-me náuseas. Podia sentir cada bolha de gás estourar em meu estômago quando você abria a boca. Mas bastariam apenas alguns segundos e pronto. Nunca pensei em te matar. Mas desta vez era preciso.



A vista era tão bela e a altura tão grande quanto a magnitude do horizonte. Seus passos de bailarina encantavam a todos. Aqueles seriam seus últimos passos, os quais a levaria ao fim de tudo. Na sapatilha rosa havia um dispositivo arquitetado por mim. Depois de alguns passos sob o sol e o céu azul de primavera não estava mais sobre o chão.



Seus pés agora flutuavam muito acima da mureta de proteção do mirante. Seus olhos com medo eram para mim como um orgasmo. Houve uma pequena chuva de sangue quando ao começar a descer a cabeça chocou-se com a grande rocha que servia de base para a construção centenária. Algumas pessoas ficaram horrorizadas com o corpo que ao chegar à areia, tinha todo o sangue sugado pela água da rebentação.


Todos pensaram que fora um acidente, terrível fatalidade. Mas não foi. Eu matei a bailarina. Depois de tantos meses, meu corpo desejou outra alma. Faz quatro horas que eu não mato ninguém. Só por hoje.

2 comentários:

  1. Letras e palavras de um texto que não basta simplesmente se ler, é preciso interpretar. Um grande abraço.

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  2. Uauuu Nathan você escreve muito bem, adorei o post e o blog também, visita meu blog, lá tem textos meus e outras coisas que gosto... Vou postar este texto seu, com os devidos créditos claro...

    Abraços Morgana Fernandes
    www.enjoythesunwhileitlast.blogspot.com

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