Eu não poderia perder aquela oportunidade. Nenum jornalista havia conseguido tal matéria na história.
- A senhora se arrepende do que fez?
- Mas de jeito algum. Faria outra vez, se necessário.
- O que exatamente você sentiu ao cometer o ato?
- Liberdade. Aquilo representava a liberdade de um amor que estava preso dentro de mim há muito tempo.
- E cometer o crime não seria levá-la ao cárcere ao contrário do que você sentia? Você não pensou que iria ser pega em nenhum momento?
O anfitrião deu uma risada, como se a minha pergunta fosse sem sentido. Talvez fosse.
- Quantas pessoas são mortas por dia e ninguém sequer ouve falar? Só houve aquele rebuliço todo por conta da imprensa e de jornalistazinhos sensacionalistas como você.
Ajeitei novamente minha gravata. Minha cabeça começou a doer e assim puder dar atenção ao que estava em volta. Um segundo que parecia uma hora inteira. Tudo estava vermelho. Vermelho fogo. As janelas e seus vidros derretidos pelo fogo me deram a visão dele. Estava ali. Putrefado e asseado em seu uniforme já desbotado e escuro. Sim, era ele... Era ele. E olha pra mim como se me desse uma ordem.
- Podemos acabar logo com isso. – Disse meu anfitrião irritado com a distração.
Será que se irritaria se eu pedisse outra entrevista?
- Aquele ali, na janela. Não é...
- Sim, é. Por quê?
- Gostaria de entrevistá-lo.
- Ele não dá entrevistas.
- Mas...
- Termine esta e verei o que posso fazer por você.
As perguntas me fugiram da mente. Só conseguia pensar nele.
............................. continua
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