13 de janeiro de 2014

The Black Power



A coisa está branca. Infelizmente, parece que um pombo gigante passou por nossas cabeças e despejou seus dejetos que respingaram nos negros, nos pobres, nos índios, nas mulheres e nos gays. Os vermes conservadores estão insatisfeitos com nossa felicidade. Não aguentam ver gays se casando e sendo felizes. Não suportam índios ganhando na justiça o direito de ficar na frente estádio. Não lhes desce pela garganta negros entrando em shoppings e comprando mais que eles.

Nós somos a pedra no meio do caminhos dos reacionários que pagam de moralistas e defensores dos valores cristãos, e que garantem mensalmente a sobrevivência de putas e travestis. O último reacionário que tive o desprazer de conhecer foi também a pessoa mais mentirosa que conheci. Religião, classe social, sexualidade, nacionalidade: nada que saída da sua boca era verdadeiro. Nem sequer a sua "causa".

Por que homossexuais deixariam seus lindos beijos de amor presos em quatro paredes? Para satisfazer os mentirosos? Por que será que a única personagem negra da novela das oito/nove é também a única soropositiva da história? Por que só os ônibus que vêm da favela são revistados em Copacabana? Por que tenho que chamar a favela de comunidade se ninguém na favela a chama assim? Por que temos uma comissão evangélica no congresso de um país "laico"? Por que samba e funk são coisas de pobre e preto, mas se Maria Rita e Caetano Veloso foram indicados ao Grammy cantando-os devem ser chamados se identidade popular?

Impedir uma criança com black power de ser matriculada numa escola de ricos é fácil. Estou pra ver alguém apontar o dedo para a filha da Beyoncé e chamá-la de "pretinha" ou coisa assim. Tomo para mim as palavras do Rappa: Branco, se você soubesse o valor que o preto tem. Tu tomavas banho de piche, branco e, ficava preto também!

A coisa está branca demais aqui.