Não creio que há algo
a ser dito. Milhões de pessoas morrem todos os anos. O tempo todo.
Antes que você termine de ler este texto (e eu de escrevê-lo)
milhares de mães, filhas, netos e maridos terão deixado este mundo.
Santa Maria recepcionou a partida de muita gente, mas isso não é
nada comparado ao número de mortes no trânsito. Quantos usuários
de crack trocariam suas mortes lentas e dolorosas por dez minutos de
fumaça letal. E o que dizer do Holocausto que continua a acontecer
nos quatro cantos do mundo?
Pessoas morrem em
guerras fúteis. Crianças, bebês e idosos agonizam nas filas dos
hospitais brasileiros. A indústria do fast-food mata por aumentos
infinitos de colesterol e glicose milhares de pessoas. Na África,
pessoas morrem por sexo. No Oriente Médio, morrem por crerem e por
não crerem. Incêndios acontecem todos os dias. E as pessoas só
conseguem se espantar com que está na apenas na tela da televisão.
Não se pode de maneira
alguma desmerecer às vidas de Santa Maria. Eram pessoas queridas,
futuros profissionais brilhantes, pais e mães dedicados. Porquanto a
devida culpa deve se incumbir aos irresponsáveis. Todavia, não
abrir os olhos ao que está notoriamente ao nosso lado é uma
infâmia. Será que os “cracudos” não merecem nossa atenção
apenas por não estarem na faculdade? Semana que vem já é carnaval
e toda tristeza transformar-se-á em folia. Porque é assim que
acaba. Todo, simplesmente, todo carnaval tem seu fim.
Todo Carnaval Tem Seu Fim
Todo dia um ninguém
josé acorda já deitado
Todo dia ainda de pé o zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer
Pra ver deitar o novo
Todo dia ainda de pé o zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer
Pra ver deitar o novo
Toda rosa é rosa
porque assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim, e é o fim
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim, e é o fim
Deixa eu brincar de ser
feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz
Deixa eu pintar o meu nariz
Toda banda tem um
tarol, quem sabe eu não toco
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?