28 de janeiro de 2013

Cm

Hoje ele não me cumprimentou. Estava de polo vermelha, minha cor de atual e momentânea predileção. O cabelo loiro recém cortado militarmente, desta vez à tesoura. Pontas sedosas. Os olhos estavam tão fixos ao horizonte que não notou meu aceno céfalo. Minha alma quase desfaleceu. A indiferença penetrou meu peito como uma faca. Será que estaria ignorando a mim por motivação raivosa? Será que minha presença o encomodava? O que será que disse? A memória de nossos silêncios atentáva-me que nunca trocamos sílabas maiores que “oi”. Percebi também que nunca havíamos chegado tão perto um do outro. Nossos corpos a centímetros de distância. Sua silhueta sugava o meu completamente.

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