17 de julho de 2013

A verdadeira criação

Não consigo conceber uma idéia mais peçonhenta que a de um deus magnânimo e piedoso que coloca uma árvore do bem do MAL para o homem ser tentado. Que criatura mais nefasta seria capaz de criar seres à sua imagem e semelhança e chamá-los abomináveis? Ora, pois, o homem o criou e não o contrário. A criatura tornou-se criadora pela necessidade íntima de uma passividade. O dendrum no meio do jardim seria para Eva como uma tortura oriental em sua cabeça dizendo, gritando, esperneando: “coma aquela porra!!!”. Como não bastasse essa atrocidade, criou-se de deus o diabo. Como parte do próprio, uma outra criatura, semelhante ao seu criador com a única função de ser pisado, humilhado. O homem criou deus à sua imagem e semelhança: perverso, soberbo, caprichoso e cheio de vaidades. Nada na terra é mais paradoxal. E se o mistério é um paradoxo, onde se encaixa a racionalidade de culto e as revelações obrigatórias de deus? Adão se masturbava tranquilamente no Edem e deus só criou a mulher para que ele pudesse fazer aquilo com um número maior de buracos. O homem cria-se deus sobre a mulher. Eles fazem sexo sem casamento. Eles comem até passar mal. Por fim: deus tem sua origem puramente humana. Freud me entenderia perfeitamente agora. A mente humana tem necessidade de criar. Ela é a verdadeira criadora.

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