22 de setembro de 2013

SUICIDA

Uma jovem belíssima corre pelo convés do navio mais luxuosos de que se tem notícia. No caminho, esbarra em algumas pessoas esnobes, cheias de dinheiro. A respiração ofegante e as lágrimas nos olhos. Ela segue à popa do navio. O convés finalmente termina em uma grade que separa a jovem do infinito. A morte nunca foi tão desejada. Enquanto seu corpo ultrapassa os limites da proteção, sua mente suicida grita. Grita o que queria ser e não foi. Os jantares finos, cheios de conversas fiadas, pessoas impecavelmente bonitas e desprovidas de quaisquer infelicidades. De repente se vê em uma mesa cheia de vestidos e paletós, sorridente, como se dominasse a felicidade ao seu dispor. Sorri enquanto a dor a tortura. É uma tortura oriental lenta e sorrateira. O fim é logo ali, depois da popa.

Já me senti assim algumas vezes. Vezes tais em que as lágrimas não são suficientes para fazer sair a dor que ecoa na alma. E enquanto se desespera, o sorriso não sai dos lábios. É preciso dizer que tudo é perfeito. Uma aparência alegórica. Há algo podre em cada um de nós, que em seus carros luxuosos e suas casas seguras não se pode ver.


Se eu beber até a morte ninguém vai perceber. Talvez não houvesse dor. E quem se importaria com a dor de quem tem tudo o que se pode sonhar. A grama do vizinho só é mais verde vista de um dos lados do arco-íris. De perto é podada irregularmente. Feia. No fundo todos somos suicidas, só não temos coragem para isso.

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