7 de dezembro de 2011

Será que dá pra piorar?


Se você vive em uma cidade com o desenvolvimento um pouco acima da média, com direito à poluição, congestionamentos, assaltos e toneladas de lixo nas ruas, certamente já passou pela incrível e sociológica experiência de entrar em um ônibus. Para quem não sabe do que se trata, é uma espécie transporte para seres humanos e seus acessórios. Falando assim parece algo muito simples e banal, todavia, entrar em um ônibus pode mudar completamente a vida de uma pessoa.



Estando em um desses, você descobre que eles podem ser uma espécie de buraco negro. Entram pessoas, e mais pessoas, e mais pessoas, e junto com mais pessoas, os seus acessórios. Bolsas de viagem, animais e coisas comuns não entram nesta lista, já que falo de coisas realmente lógicas de se levar em um ônibus. Refiro-me precisamente à móveis, tv’s de pequeno calibre (42 polegadas, por exemplo), materiais de construção, colchões, geladeiras, janelas, plantas e bancos de automóvel. E se a sua rota corta algum supermercado com promoções de desinfetante por R$1,99, vai se deparar com pessoas carregando mais desinfetantes que o seu próprio peso, afinal, todos precisamos de muitos vidros de desinfetante para sobreviver, não é mesmo?



Se você vive no Rio de Janeiro, vai encontrar nos ônibus um espécime intitulado “nem”. De antemão, é preciso exclarecer que não apresentam nenhuma ligação com o ex-lider do trafíco da Rocinha (até que se prove o contrário, claro). Essas pessoas, geralmente entre 12 e 25 anos, de ambos os sexos, carregam consigo peculiaridades no linguajar e no comportamento. Tratam as pessoas com que não apresentam intimidade por “Nem”  ou “Colega” e andam sempre com alguma aparelho que emita vibrações sonoras. Ultimamente popularizou-se entre os nens o rádio Nextel, celulares chineses e caixas de som chinesas que podem ser compradas na internet ou na Uruguaiana e sempre transformam a tranquila viagem de ônibus em um baile funk coletivo, afinal para que serve fones de ouvido, não é mesmo?



Os ônibus apresentam uma interessante possibilidade de provar que dois corpos (e até cinco, por que não?) podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Cabem pessoas em baixo dos bancos, nas janelas, nas escadas, penduradas nos ferrinhos etc. Somado a isso sempre há a capacidade de se introduzir mais pessoas especialmente se for idosos e pesssoas com crianças de cola que viram claramente que o transporte estava cheíssimo e mesmo assim querem um lugar.


Junto todas essas situações e mentalize que não existe a possibilidade de ficar pior. Você encontrará logo à sua frente um engarrafamento. E você pensa outra vez: não dá pra piorar. O motorista altamente cansado e extressado bate no veículo da frente e todos são obrigados a descer com os colchões, móveis, compras, caixas de som e velinhas e esperar o próximo ônibus da linha que só aparece uma hora e vinte minutosm depois mais cheio que o primeiro. E depois de ter certeza que não podeia piorar um diácono da Igreja da Salvação da Última Semana saca um megafone e começa a pregar o inferno, o demônio e o capeta. Concerteza eles devem estar no ônibus, pois o cheiro de enxofre é perceptível. Será que dá pra piorar? Um nem percebe que acabou a bateria da sua caixa de som e grita: “Perdeu! Isso é um assalto. Passa tudo meu irmão, se esconder alguma coisa todo mundo morre!”

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