12 de dezembro de 2010

Eu matei o meu pai

“Cara, olha só: não é porque sou seu filho que tenho que ser seu escravo.” É isso que grito todos os dias. Parece que eu vou surtar. Será que tenho que escrever em minha testa que “não estou à disposição”? É muita inconveniência para uma única pessoa. E ainda por cima esfrega na cara que me deu um nome. Antes não tivesse me dado porra nenhuma, não precisaria estar dizendo isto agora.

A pessoa me analisa como se eu fosse um experimento biológico. Tem o dom de estragar todas as refeições com perguntas imbecis. Verte-se ao beberrão, tomando forças e coragens covardes. Eu o odeio desde que me entendo por gente (e olha que isso já tem um bom tempo) e quanto mais eu tento deixar o meu ódio de lado, mais ele toma conta de mim.

Eu matei meu próprio pai. Minhas palavras raivosas foram como uma corda, uma forca ao seu pescoço. E a cada suspiro que ele tentava dar eu caía aos risos e gargalhadas. Não me arrependo do ato profano. Para ser totalmente sincero, sua memória causa-me um sublime e suave prazer. Um suave devaneio que me leva ao nirvana em questão de segundos.

Ainda me lembro de seus gritos abafados por minha vontade de vê-lo morrer. Era tanta que nem me fiz o trabalho de desovar o seu corpo. Está lá empalhado. Como um troféu que marca a vitória do meu louco interior.

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