17 de junho de 2010
O papel ainda está em branco
Estou sem palavras. Pela primeira vez na minha vida eu não sei o que dizer. Sobre o que dizer. É desesperador. É tão deprimente. Chega a dar nojo.
Eu olho o papel em branco. ele está lá. Ele é só umpapel. Sem vida ou utilidade. Suas linhas imploram para serem escritas. Minha mão responde ao chamado, mas nenhuma palavra sai. Faço esforço. nada. Tento de novo. Começam a surgir no papel algumas palavras. Palavras que viram frases sem fática, orações sem períodos, predicativos sem verbos de ligação. Uns diriam ser uma espécie de dadaísmo, outros que é falta de ocupação. Eu no entanto já sei a resposta: um autor em contradição.
Estou sem ideias, sem palavras. Sou meu próprio papel. Tenho a caneta nas mãos. A tinta pinga sobre a folha, mas nada é a sua forma. Conseguiu perceber o incrível? Eu disse muitas coisas, estão acabando as folhas e até agora nada da fática, nem da meta. Esta foi-se com a linguagem. O papel ainda está em granco.
Escrito em 14 de junho de 2010.
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