Ela desvia o olhar quando a olha. Sente-se arrepiada.
Admira-o como um deus. Religiosamente, às 21 horas, usa o Facebook para o
observar. Procura nas fotos algo mais que possa ser revelado. Um sorriso. Um
olhar. Sente-se pervertida ao imaginá-lo desnudo. Tenta reter o pensamento e as
mãos que massagem seu próprio corpo à luz do monitor.
Por um instante, ele está online. O seu coração
palpita. “Oi” – diz. Ele demora um pouco e corresponde com o mesmo cumprimento.
Passa por sua cabeça estar pressionando o rapaz, mas ele entra na conversa
descontraidamente. “Eu também adoro essa música”. “Você sabe qual é o texto da
aula de hoje?”. “Aqui está meu telefone...”.
Ela não queria que essa conversa terminasse. As horas
voaram. Desesperada, dá o último grito e... “Você ficaria comigo?”. Ele demorou
novamente a digitar as palavras. “Olha, eu não posso...”. Ela não esperou o
rapaz completar a mensagem seguinte. “Você tem namorada?”. “Não. Eu sou gay.”
Ele fechou a janela e desligou o computador com medo que a garota contasse seu
segredo ao mundo. Ela continuou ali parada, inerte. Até que chorando foi
deitar-se.
Às vezes o que nos surpreende nem sempre é o que imaginamos ouvir e sim o que não se esperava saber. Grande abraço.
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