5 de janeiro de 2012

A noite de Amy (continuação)


Amy ainda repetia as mesmas palavras quando o delegado desistiu fechando sua pasta e se foi liberando a moça para voltar quando estivesse mais calma. Naquela manhã Amy não dormiu, nem comeu. Suas mãos ainda tremiam muito. Chegou em casa carregada por um policial, que não disse uma palavra sequer e foi embora fechando a porta e deixando-a sozinha como quando saíra de casa.

Sentada no sofá confortável de cor ocre, uma das poucas coisas que conseguira comprar com o mísero salário, observou a casa como ela a tinha deixado: o copo d’água sobre a mesinha no centro da sala; um vestido rosa (ficara em dúvida se o usaria ou o preto ficaria melhor) sobre o repouso do braço do mesmo sofá e; a lâmpada acesa da varanda, que agora disputava sua luz com os primeiros raios da manhã.

Pensou em levantar e preparar um café, na tentativa de esquecer o que se passara em poucas horas. Sentiu tanta tristeza de não ter sua mãe ali por perto naquele momento que chegou a desejar a mesma morte que ela. Um triste acidente de carro. O motorista do outro veículo estava bêbado. O pai e a mãe de Amy morreram, a menina, porém, chorava no banco de trás porque seu brinquedo voara pela janela.

Sua mente voltava ao lugar ainda latejando com a dor de cabeça. Intentou outra vez o café, mas desistiu ao mover a perna esquerda alguns centímetros.Sentiu a vagina úmida de sêmen. Os seus pensamentos pararam na lembrança do homem negro recolhendo o membro e largando-a a esmo. Sentiu uma imensa vontade de chorar outra vez e enquanto seus cediam ao peso das pálpebras, ela adormeceu ali mesmo.

Um comentário:

  1. Gosto de ver a veia criadora de um autor quando cria uma história que consegue uma narrativa cronológica com sua descrição. Parabéns.

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