14 de novembro de 2008

Madrugada de Outubro



Fotografia de Lu Peçanha


Estupefacta, a menina olhava para todas as direções sem saber o que fazer. Não havia quem pudesse lhe ajudar na imensa rua deserta. À sua frente estava caído, morto seu vilão. Durante muito tempo o amara e em poucos segundos o matara.

O acidente aconteceu às 4 da manhã. O homem que a violentara pelos últimos 5 meses tivera sua última tentativa frustrada à alguns minutos. Em uma tentativa desesperada de salvar o seu corpo, Isabel lançou com toda a força que tinha nos braços o pai que lhe dera a vida, sem imaginar que um carro do nada passaria ali naquele momento.

O sangue jorrava como um manancial carmezim manchando a rua e a lembrança da pobre menina de 9 anos. Desesperada, pois-se a chorar debruçada sobre o cadáver que foi a atração da roda de indivíduos curiosos que se formou envolta com o nascer do dia. Pelo menos para a multidão, pois para a menina não havia luz nem escuridão, mas apenas culpa e solidão.

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