21 de setembro de 2010
Caindo em esquecimento
Batem-se palmas. O teatro lotado bravamente admira a cena. Todos estão com faces sorridentes. O ator desconcertado tenta lembrar a fala. Seus companheiros tentam ajuda-lo, repetem continuamente a deixa. O público nota. Comenta. O diretor bravo faz sinais da coxia.
O quê? Anh?! Eu esqueci a fala!
Essa foi a sentença de demissão. O diretor instantaneamente pega o contrato e grita:
Está demitido! Você foi o pior ator que vi em mais de trinta anos!
A partir daí generalizou-se a discussão em cima do palco. Uns apoiavam a decisão do diretor. Outros defendiam como feras o esquecido ator. Até que então, começou a pancadaria. Chutes e socos emaranhavam-se e a plateia começou a rir. Aplausos se ouviam. Parou-se a bagunça para se dar atenção ao público. O contra regra astuto fechou as cortinas dando fim ao espetáculo.
A plateia saiu encantada com a descontraída e inusitada apresentação. No dia seguinte a crítica foi a melhor possível. O esquecido ator fora recontratado. Agora como diretor do teatro. E quanto ao diretor? Ele esqueceu a fala e foi demitido.
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