30 de junho de 2011

Primeiro casamento gay do Brasil pode ser anulado

Primeiro casamento gay do Brasil pode ser anulado, dizem juristas

fonte: BBC
Casal gay se dá as mãos durante manifestação em Brasília. Foto: AFP
Celebração ocorreu em SP; para especialistas, caso ainda pode ser contestado na Justiça
O primeiro casamento gay do Brasil, realizado nesta terça-feira em Jacareí (SP), pode ser contestado na Justiça e acabar sendo considerado nulo, segundo afirmaram juristas ouvidos pela BBC Brasil.
O casamento ocorreu de acordo com decisão do juiz da 2ª Vara da Família e das Sucessões de Jacareí, Fernando Henrique Pinto, após um parecer favorável do Ministério Público de São Paulo.

No entendimento do jurista Ives Gandra Martins, o casamento homossexual, nos termos atuais, fere o parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Federal, que, segundo ele, prevê que apenas casais heterossexuais podem se casar.Os noivos, Luiz André de Rezende Moresi e José Sérgio Santos de Sousa, estão juntos há oito anos e viviam em regime de união estável. A conversão da união estável em casamento ocorreu no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Jacareí.
Para Gandra, qualquer pessoa ou entidade - como o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo - pode entrar na Justiça com uma ação de inconstitucionalidade e contestar a união.
O jurista afirmou que, se o caso for para o Supremo Tribunal Federal (STF), a aprovação do casamento gay é uma possibilidade concreta, de acordo com a tendência de decisões recentes tomadas pelos ministros.
Em 5 de maio, o Supremo decidiu, por unanimidade, reconhecer a união estável para casais do mesmo sexo, ao julgar ações ajuizadas pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
"Do ponto de vista constitucional, o STF teria de dizer que não pode (haver casamento gay)", disse Gandra. "Mas com essa nova visão dos ministros, de agir com um certo ativismo judicial, acredito que isto possa ser aprovado".
Isonomia
Já para o professor de Direito Constitucional da PUC Minas Fernando Horta Tavares, a Constituição, embora se refira a gênero no que diz respeito ao casamento, também defende o princípio de isonomia, que garante que todos são iguais perante a lei.
"Esta parece ser a linha mais indicada (para avaliar o casamento gay), mais universalista", disse o professor.
Tavares afirmou que, ao reconhecer a união estável de casais gays, o STF deu um "passo importante" no sentido de conceder isonomia aos homossexuais e abrir espaço para a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No entanto, o jurista e professor de Direito da Faap Álvaro Villaça Azevedo disse que só será possível afirmar que o STF reconheceu a união estável gay quando sair o acórdão da decisão do tribunal, o que ainda não ocorreu.
No entendimento do jurista, os ministros do Supremo apenas reconheceram que os casais gays têm, por analogia, os mesmos direitos das pessoas que vivem em união estável.
"Uma coisa é aplicar analogicamente as regras da união estável, outra é admitir a união gay como estável", disse Villaça.
Na opinião do jurista, ao dar à união gay a proteção enquanto família, o STF não afronta o artigo 226 da Constituição, que, segundo ele, "não esgota a matéria". No entanto, Villaça entende como inconstitucional a concessão do status de união estável aos casais homossexuais.

Um comentário:

  1. Aqui... estava passando isso na televisão ontem, e vi minha mãe (que trabalha com uma pensa de advogados) falando o seguinte:

    "Ahhh... Agora que eu entendi qual é o problema. É porque estão chamando de casamento, e o casamento prevê constituição de família, mas duas pessoas do mesmo sexo não podem ter filhos, portanto, o correto é chamar de união civil, mesmo porque o casamento não é uma união estável, e sim união civil."

    Bem, pelo que eu entendi, ela quis dizer que a unica diferença é na nomenclatura, pois a união civil, pela lei, é exatamente igual ao casamento, porque o casamento É UMA UNIÃO CIVIL, mas que, por um casal do mesmo sexo não poder reproduzir juntos, e o casamento prevê constituição de família, apesar de ser exatamente a MESMA COISA, a união de homossexuais não pode ser chamada casamento...

    Bom.. Eu não tenho nada contra a união entre homossexuais. Enfim... eu só quis contar isso. rs.

    Abraço!

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