7 de setembro de 2011

Com licença.



Há quem diga escrever bem é um dom dado a poucos. Outros, ainda dizem que escrever é algo tão natural quanto a falar. Peço licença para entrar no campo da erudição linguística e revelar a você leitor a minha forma de acreditar na língua. E por falar em licença, preciso desabafar minha conciência linguística. Por esses dias que se foram, alguns amigos de Facebook ao cometerem um erro ao passar um informação incoerente usando uma frase de efeito, e sendo corrigidos, lançaram sobre o ar seguinte premissa: “Onde está a minha licença poética?”. Ora, pois, deve ter decido pelo esgoto quando alguém em sã conciência deu uma discarga linguística.

E se pensam que isto é algo exporádico, não é. Muitas pessoas se autoproclamam “Oswalds de Andrades” e assumem suas “licenças”. Já vi coisas como aspas entre a primeira e a última linha. “Se estiver errado, não fui eu que escrevi.” Ou como um jornalista que ao passar a informação de maneira um tanto equivocada, por assim dizer, questionou: “onde está a minha a licença poética?”.

Acredito que por essas e outras, há muitos comentendo suicídios linguísticos e gramaticais porque tudo é licença poética. Devo lembrá-los que apenas poetas ousados, porém lúcidos, fazem uso deste recurso estilístico. E apesar de não querer ser normativo e gramaticalista, se você não é o Chico Buarque use somente a licença que realmente possui. Coloque todos os pingos nos is e não deixe a regência ir por água abaixo.

Outro ponto que considero importante deixar em seu túmulo é o fantasma da oratória redacional. O nome é estranho por não encontrar outro que se adeque melhor e se até o final do texto não achar outro vai este mesmo, como diria Machado de Assis. Não há nada pior em um escrito do que a “encheção de linguiça”. Esta deve estar, impreterivelmente, no churrasco e sem trema. Se não há assunto que complete o seu pensamento, coloque um ponto final ou até mesmo mude de assunto de maneira terráquia. Lembre-se que é na Terra que ele será lido.
 Fazendo, pois, uso de tudo o que foi dito aqui, peço linceça para acabar este texto. Há milhares de coisas que precisam da minha mão neste momento, como licenças poéticas de alunos vestibulandos ou amigos do Facebook. Obrigado pela atenção e, com lincença.
 

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