1 de fevereiro de 2011

Eu matei Ronaldo



Sempre odiei seu jeito fútil e arrogante. Tão rico, tão idiota... Ele me dava nojo. Não consegui conter a ânsia de mata-lo. Estava tudo indo de vento em popa até que o vi cara-a-cara. Não resisti. Afinal, quando a morte chama querendo contar uma história você deve parar para ouvir.

Era uma das boates mais caras de São Paulo. Paguei mais de trezentos reais para entrar. Apesar de ser assassino não preciso roubar para pagar minhas contas. Eu tenho um bom emprego. Leciono em uma universidade federal. Mas isso não vem ao caso. O que realmente importava era que eu estava ali e o “Fenômeno” também.

Ele bebia todas. Beijava todas e todos. Ele até tentou me beijar. Chego a ter náuseas quando me lembro da cena. Aquela coisa gorda dançava sem sequer se lembrar do próprio nome. Os seguranças não o perdiam de vista. Tive que apelas para uma prostituta que o levou a um motel próximo. Quando chegaram ao lugar eu já estava na última suíte disponível. O camareiro abriu a porta e deu-lhe a chave. Ela entrou primeiro e ele logo em seguida. Despiram-se por completo. Fizeram sexo. E ele como bom bebum adormeceu. Mandei que ela saísse. Paguei o serviço e fui fazer o meu sem mais interrupções.

Como mais uma vez não havia recursos à disposição, resolvi usar o que tinha no bolso: uma caneta Bic. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, uma caneta pode ser tão perigosa quanto uma faca. Se introduzida no lugar correto pode fazer a vítima agonizar de dor até morrer. E era exatamente isto que eu estava disposto a fazer.

Ele roncava como um porco. Segurei a caneta em meu punho. Mirei em seu pescoço até ter o ângulo perfeito e enfiei com toda a força. Ele não gritou. O álcool em seu sangue serviu-lhe de anestésico. Acertei exatamente a Aorta. O sangue começou a jorrar e jorrar e jorrar. E jorrou até que morresse dormindo como um porco.

Nunca vou me esquecer dos noticiários da manhã seguinte. “Morreu hoje pela madrugada o jogador Ronaldo, o Fenômeno”. Ti tanto que quase me urinei. Mas não posso deixar a raiva me controlar. Estou tentando parar. Faz vinte minutos que eu não mato ninguém. Só por hoje.

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