5 de fevereiro de 2011

Nenhum dia sem uma linha

Olá pessoal! Hoje quero agradecer a todas as pessoas que leem o meu blog e acompanham o que eu escrevo. Quero agradecer em especial ao pessoal do Egito, Irã e outros países que estão driblando a censura, arriscando suas vidas pelo poder da palavra que é um direito de todos (ou pelo menos deveria ser). Agradeço também ao povo muçulmano, ao qual aprendi a respeitar e amar através desse Blog e seus leitores. Vocês são a razão das minhas palavras.

E finalmente aos Blogueiros que são parceiros de vários lugares. Estou descobrindo que mesmo com opiniões diferentes nós somos uma massa que cresce a cada dia. Tenho feito muitas alianças e amizades com essa gente tão querida.

Escrever para mim é uma terapia. Eu comecei a escrever mais arduamente quando descobri através da internet que tinha Transtorno de Personalidade Borderline. Ao procurar alguma ajuda encontrei uma comunidade no Orkut onde por fim encontrei a Wally e o seu Blog, o Reflexões Borderline, que me ajudaram e ainda me ajudam. A partir daí, escrever tornou-se oficialmente uma terapia para mim. Estou postando agora mais uma das minhas pesquisas (O conhecimento é realmente irresistível, me desculpem). Trata-se de uma matéria do Diário do Nordeste que fala exatamente disso. Espero que gostem.
Abraços.

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Escrever como terapia
FRANCISCO CAVALCANTE JR. *
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A utilização da escrita como ferramenta terapêutica, praticada em países de língua inglesa, merece investigações científicas no contexto cultural brasileiro, um país em cuja literatura há exemplos de pessoas que fazem da escrita uma ferramenta de sobrevivência. Dentre elas, as escritoras negras e pobres, Carolina Maria de Jesus e Esmeralda do Carmo Ortiz. A primeira, catadora de papel nas ruas de São Paulo, escrevia em um diário para registrar as experiências de sua vida na favela. Seu primeiro livro, ´O quarto de despejo´, publicado em 1993, em forma de diário, vendeu mais de 90 mil cópias no Brasil, foi sucesso nos EUA com mais de 300 mil exemplares e traduzido para 13 idioma, distribuído em 40 países. A segunda, Esmeralda Ortiz, ex-menina de rua, em São Paulo, decidiu que queria redigir um livro, expondo-se e recriando por meio da escrita, a história que dizia porque a menina que tinha tudo para ´dançar na vida´, mas não dançou. Escrito em 2000, Esmeralda, ´Por que não dancei´, já na sua décima edição, é outro exemplo de uso da escrita como forma de sobrevivência ou de compreensão, no caso de Esmeralda, de sua sobrevivência, confirmando a sabedoria de Clarice Lispector: ´Escrevo como que para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha´.

De todas as lições de escrita, a mais marcante, e que me acompanha até hoje, é: ´Nulla dies sine linea´ (nenhum dia sem uma linha). Esta, aprendi com o meu grande mestre, na Universidade de New Hampshire, o professor, romancista, cronista e poeta Donald Murray, que em um de seus muitos livros, brindou-nos com as 12 razões para se escrever:

1) Para dizer quem sou;
2) Para descobrir quem sou;
3) Para criar a minha vida;
4) Para entender a minha vida;
5) Para matar os meus dragões;
6) Para exercitar o meu trabalho manual;
7) Para me perder no meu trabalho;
8) Por desejo de vingança;
9) Escrevo para compartilhar;
10) Para testemunhar;
11) Para evitar o tédio; e
12) Para celebrar.

Por muitas outras razões, sigo escrevendo, compartilhando das palavras do baiano Glauber Rocha: ´quando escrevo, penso e sinto em termos de humanidade. Minha terra, minha sociedade, minha raça, meu povo e a humanidade. De todas as formas de escrita, só não compartilho daquela imposta, hoje, pela ciência brasileira: ´publique ou pereça´. Para mim, escrever é uma necessidade vital e como Monteiro Lobato, ´sempre escrevi por exigência orgânica´. Publicar, em acordo interno com o organismo humano, consiste, portanto, na ação de tornar público o que vemos, sentimos e pensamos através das múltiplas formas de expressão e comunicação de que somos dotados, além de outras que somos capazes de aprender. 
* PhD, do Mestrado em Psicologia da Universidade de Fortaleza

2 comentários:

  1. posso dizer q essas 12 razoes para escrever se aplicam perfeitamente a mim
    ótimo post nathan!
    liks da semana pra vc;D

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  2. Nossa Nathan!! ADOREI essa postagem!!!
    Especialmente a homenagem!!!
    Muito obrigada!!!
    Escrever para mim também é uma terapia.
    Ao escrever, já consegui evitar grandes besteiras...

    Abraços

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