1 de janeiro de 2011

Eu matei Augusto Fagner




É incrível a quantidade de pessoas que imploraram para serem assassinadas por mim. Não que não tenha prazer no que faço, mas definitivamente há pessoas que não servem para morrer. Augusto era uma dessas pessoas. Tenho que admitir que foi difícil mata-lo, uma vez que a arte de tirar a vida exige uma raiva sedenta por alma, o que definitivamente não era o caso.

Pode-se dizer que esta fora premeditada. Comprei Estricnina, o famoso veneno de rato. A grande maioria da população não sabe o poder que o chumbinho tem. Felizmente eu sei. E esse foi o principal ingrediente do meu coquetel da morte. Confesso que desta vez tive que utilizar meus dons culinários e preparar um delicioso brigadeiro. Que Augusto tanto adorava. Misturei uma generosa dose ao saboroso doce. Decorei-o, como numa festa.

Enquanto ele comia, sentei para assistir ao show. Ele me olhava com os olhos arregalados. Não respirava direito. Estricnina é uma das formas mais dolorosas de se morrer (e incrivelmente comum entre suicidas). Em questão de minutos a morte chega lenta e gradual. Cada músculo do corpo é atrofiado, pernas, braços. Ele sentia câimbras múltiplas ao redor do corpo. Seus olhos embaçaram-se até não enxergar mais nada. A audição ouvia barulhos distantes. A voz nem sonhara em sair. Enfim, seu coração parou.

Apenas quinze minutos. Foi isso que durou o show. Devia ter filmado o espetáculo. Toda aquela cena de êxtase ficou apenas na minha memória. E ainda tive que arrastar aquele corpo duro e morto pelo chão da minha casa. Pobre Augusto... Deveria ter mais cuidado com o que pede

 Bem, tenho que ir agora. A próxima morte me espera. 

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