8 de janeiro de 2011

Eu matei José Alencar



Simplesmente achei que estava na hora. Você já fazia, há meses, do hospital a sua morada. O Sírio Libanês já não suporta tanto tempo. Tive pena das tuas singelas dores de barriga. Eu Juro! Você me pedia isso com a sua voz quase inaudível. Eu prontamente atendi. Nunca se deixa uma morte esperando.

Nada foi tão fácil quanto me disfarçar de médico. Foi como realizar uma fantasia. Ninguém saberia, muito menos imaginaria que eu seria o seu cirurgião desta vez. Fiz-me de Pilatos, lavei-me as mãos e pus-me a realizar minha obra. Foi como brincar de médico e açougueiro.

Primeiro o bisturi. Abro-lhe bem o abdômen. Bisturi outra vez. Agora seus intestinos são como rios de fezes que jorram por dentro de ti. Apenas fechei. Os enfermeiros e o anestesista não perceberam absolutamente nada. Foi tão fácil como um despertar.

Ainda lembro as tuas últimas palavras: “faça o que tiver que fazer”. Uns pensaram em se tratar de uma fatalidade, outros suspeitaram da maestria de um assassino como eu. Mas o que realmente importa é que você já não respira. Todos ainda se lembrarão de ti. Até que eu mate todas as lembranças da sua existência.

2 comentários:

  1. Esse foi o melhor texto da série... mas magoei :(
    Não queria que você matasse ele!!!

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  2. kkkkkkk
    Foi a pedido de uma amiga que não aguentava mais vê-lo em UTI e cirurgia...
    rsrsrs

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