25 de janeiro de 2011

Eu matei Lorena



Eu estava tentando parar. Eu juro. Faz três dias que eu não mato. Três agonizantes dias. Mas há algo dentro de mim que se desperta arquitetando uma morte diária para a minha sobrevivência. Estava tudo em paz até que resolvi matar outra vez.

Lorena não “ia muito com a minha cara”. Eu percebia isso pelos seus olhos. Ela nunca me ofendeu, nem disse nada que pudesse soar degradante. Mas sempre há na família alguém com um olhar de ódio. Pra falar a verdade ela nem era da minha família. Apenas era a esposa do meu primo. Loira pela química farmacêutica barata. Soberba e pomposa por natureza. Sentia-se a Geisy Arruda com suas microvestimentas. Eu não a suportava.

Para variar, decidi que desta vez usaria uma arma finlandesa muito famosa. O coquetel molotov. O que não tem tanta fama assim é a facilidade de seu preparo. Uma garrafa de vidro, ácido sulfúrico, clorato de potássio e açúcar. Tudo tão simples e tão poderoso. Resolvi preparar.

Meu primo pediu-me para busca-la no trabalho levar para casa, uma vez que havia um assassino rondando a cidade e ele só sairia do trabalho bem mais tarde (uma grande pena ele não ter imaginado que poderia ser eu o tal assassino). Deixai-a na porta de sua casa. Despedimo-nos friamente. Ela se virou para abrir a fechadura. Abri o porta-luvas. Peguei a garrafa de vidro que estava encapada pelo açúcar, que se cristalizara como gelo. Joguei a bomba com toda força em suas costas praticamente nuas, como uma prostituta em serviço.

A garrafa partiu-se em pedaços. O ácido sulfúrico e clorato de potássio ao entrarem em contado com o açúcar provocaram um verdadeiro show pirotécnico. Você nunca chegou a abrir a porta. O cheiro forte tomou conta do ar. Eu apenas liguei o carro e parti. Algumas horas depois meu primo me liga dando-me a notícia de sua morte. Que quase não sobrara nada para um enterro digno. Perguntou-me se eu tinha feito o que me pediu e disse-lhe o que queria ouvir. Não sei valeria apena mata-lo também. Mas acho que ele já está sofrendo demais. E, além disso, estou tentando parar.

Bem, hoje é dia 25 de janeiro de 2011. Desde ontem eu não mato ninguém. Só por hoje.

Um comentário:

  1. Só por hoje! rs. Muito bom, estou rindo e adorando ler seu blog.
    Beijos
    Juju

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