11 de agosto de 2011

Pobre menina Amy Winehouse

Extraído de Recanto das Letras. Texto escrito por Marlene de Letícia. Uma dica da Wally.
Eu sempre acredito que ninguém ingressa no mundo das drogas por estar bem. Há sempre uma disfunção mental que vai de leve a severíssima à frente de todo e qualquer vício, seja ele lícito ou ilícito. A cantora Amy Winehouse era portadora da Síndrome de Borderline, uma das mais graves doenças psíquicas, sendo que diversas conclusões contraditórias foram formadas do seu uso abusivo de drogas. Amy vem sendo rotulada de muitos adjetivos cruéis, desde antes de sua trágica morte. Entretanto, ela, infelizmente, sofria de um grave transtorno mental, cujos sinais e sintomas são por demais degradantes, causando muito sofrimento aos portadores desde mal, a seus familiares e pessoas próximas.
Abaixo segue um texto sobre essa grave patologia mental, publicado em outubro de 2008, por sua autora.

“Síndrome de Borderline, ou Transtorno de Personalidade Limítrofe é uma expressão utilizada há mais de um século pelos pesquisadores do campo mental, que dela se valem para apontar uma modificação no limite entre a neurose e a psicose ou, como diriam alguns, na linha de demarcação entre a razão e a loucura. A pessoa atingida por esta síndrome apresenta um sério distúrbio psíquico, principalmente na esfera afetiva, no domínio dos impulsos, nas interações com o outro, na sua auto-imagem.

O diagnóstico desta perturbação mental é facilitado pelo próprio transtorno causado pelos sintomas no entorno do paciente, principalmente por atingir os familiares. Normalmente o indivíduo não ultrapassa os limites da normalidade, portanto é raro que ele seja enquadrado em um dos estados emocionais próximos do borderline, tais como a esquizofrenia, a depressão ou o transtorno bipolar.

Esta enfermidade psíquica não é ainda muito conhecida, embora afete indiscriminadamente integrantes das mais diversas classes sociais, pessoas célebres ou anônimas, particularmente as mulheres. Atualmente, o exemplo mais famoso de personalidade borderline é o da cantora Amy Winehouse, que revela em seu quadro dimensões radicais desta Síndrome, especialmente traços de autodestruição – os quais englobam a automutilação, com cortes perpetrados em várias partes do corpo, com a intenção de amenizar as dores emocionais, ameaças e até tentativas de suicídio -, consumo de drogas, intensos arrebatamentos verbais, ataques de agressividade, ilusões e alucinações passageiras, impulsividade desenfreada, sem falar nas constantes alterações de humor, apresentando-se a artista às vezes agitada, em outros momentos totalmente passiva.

Outras emoções despertadas pelo estado borderline incluem tristeza, raiva, vergonha, sentimento de pânico, horror, sensação de vazio e de extrema solidão. A capacidade de obter conhecimento também se encontra comprometida, levando o indivíduo a interpretações diversas sobre o outro, em um instante avaliando-o como um ser bom, logo depois o julgando como uma má pessoa. Além disso, há casos de perda da personalidade e do contato com a realidade. Entre tantos sintomas diversos, o DSMV fixou nove pontos essenciais para que se avalie o distúrbio como Síndrome de Borderline.

A expressão borderline foi utilizada primeiramente em 1884, pelo psiquiatra inglês Hughes, que assim se referia às ocorrências de loucura. Passou-se a usar este termo para diagnosticar sinais muito sérios de neurose. O pesquisador Bleuler julgava os esquizofrênicos como portadores de borderline. Enfim, em 1938, a palavra borderline é oficializada por Stern, que a adota para descrever uma modalidade de ‘hemorragia mental’, a qual ocorre quando se deflagra uma intolerância às frustrações. As pessoas se sentem, então, ressentidas, ultrajadas e emocionalmente atingidas. Grinker, em 1967, realiza pela primeira vez a descrição desta perturbação mental.

Estes pacientes têm intensa dificuldade de se relacionar. Fatores genéticos, abusos sexuais, exposição traumática á violência, são algumas das causas apontadas para a eclosão deste distúrbio, pois provocariam desequilíbrio emocional e comportamentos impulsivos. O reflexo deste problema na vivência social é muito sério, pois há uma grande dificuldade de se relacionar com os portadores desta Síndrome, embora seja necessário amparar e socorrer estas pessoas, principalmente porque o número de suicídios é muito alto, afetando pelo menos 10% dos pacientes.

Tem-se conquistado resultados positivos no tratamento desta perturbação ao se recorrer à psicoterapia, principalmente a cognitiva comportamental. Mas é preciso ser persistente no processo terapêutico, pois esta enfermidade engloba sérios distúrbios de personalidade, os quais deixam o ego vulnerável e passível de diversas quedas, de retorno a um estado de instabilidade.”

(Fontes: InfoEscola // Por Ana Lucia Santana /
Fontes:http://www.fsanet.com.br/site/materia.php?id=607 http://www.cienciasecognicao.org/artigos/m14420.htm)

Um comentário:

  1. Cada vez que eu leio algo sobre nós e nossos semelhantes (sim, eu nos coloco, os Borderlines, em uma esfera completamente diferente do resto do mundo, rs), isso tudo meio que desperta em mim. Às vezes, ler me dá tristeza. Outras, esperanças. Outras, ainda, horror e revolta. Outras vezes, acabo me sentindo especial e até de certa forma mais encantadora do que as pessoas que não têm TPB... Sei lá.. Rs. Isso foi uma confissão com´potencial pra julgamento e polêmica, mas é isso mesmo! Rs.

    Sobre a Amy: eu sabia que ela era Border, claro, mas não sabia sobre o caso dela especificamente... Pude saber melhor agora.

    Sobre o texto publicado em 2008: puxa, gostei demais!!! Eu gosto quando eles falam de nós com olhos mais abertos. Estou muito calejada quanto a Border na mídia, porque, falou em Border, é o agressivo, é o que não vê o sofrimento que causa nos outros, é o que se faz de vítima, é o que manipula os outros, é o promíscuo, aquele com quem não se deve ter relacionamentos mais íntimos e profundos porque ele só se relaciona superficialmente.... É muita ignorância!!!

    Um abraço carinhoso, Nathan!

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