27 de maio de 2011

O Rosto


Quando entrei no ônibus não vi o que eras. Sentei atrás de alguém até perceber-te em minha frente. Os castanhos cabelos curtos e meio encaracolados gritavam meus olhos. Pensei em te tocar, em te ver o rosto despido. A razão cutucou-me. Disse-me palavras feias e convenceu-me a olhar-te um pouco mais. Desci aos teus ombros vestidos por uma camisa branca. Finas listras azuis e amarelas emaranhavam-se. Um jeans vestia-lhe o sexo. Não puder ver mais nada.

Meus olhos se fecharam a imaginar o seu rosto. Sua face angelical que me envolveria num pecador jogo de sedução. Minha respiração ofegava ao imaginar sua boca, carne vermelho-rosa que me sugava o fôlego. Abri os olhos por um instante. Uma senhora dormia num banco mais adiante. Um velho lia o seu jornal. Trabalhadores dormiam ao fundo depois de mais um dia de trabalho. A noite convidava a amar-te.

Um soslaio e seus olhos me viram no reflexo. O barulho da condução abafava os meus suspiros. Entreguei-me novamente aos sonhos. Desta vez desabotoava cada botão da sua camisa deixando revelar um peito onde minha cabeça repousaria a sentir seu calor. Minhas mãos caminham seu corpo. Abrem o zíper. Uma roupa íntima branca te separa de mim. Meus suspiros agora são gemidos e sua boca encontra a minha. Mais alguns minutos para lhe admirar a pele, o cheiro, o silêncio.

Apenas lhe tocava o corpo. Apenas isso. Mil vibrações passavam pelo meu corpo arrepiando-me ao sentir o calor do teu sexo que crescia e me chamava. Você não tinha reação. Não via seu rosto. Você não era. Nunca foi. Um amor desnudo que encontrei no ônibus. Teu sexo sumiu em minhas mãos, junto ao teu corpo. Chagou a hora de desce. É o fim da linha. Você não estava mais ali. Se foi há alguns pontos atrás, E eu nem vi o seu rosto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

OBRIGADO PELO SEU COMENTÁRIO!