Tudo aquilo que não deve ser esquecido

“Só vou te contar porque você já é de casa”

(Ana Carolina)

A epígrafe revela que o que vou falar nas linhas seguintes talvez não seja compreendido por todos, pois é quase uma piada interna. Contudo, contarei, pois “vocês já são de casa” e possuem mentalidade suficiente para compreensão dos meus sentidos e sentimentos tão descompassados e anormais.

Há tempos, pedia a Deus amigos que fossem verdadeiros. Eu não tinha nenhum. Nunca fui uma pessoa sociável (e até hoje não sou - meus amigos sabem disso). Lembrei-me de muitas vezes estar na sala de aula, no 2º ano do ensino médio e colocar meu casaco preto, óculos e pensar na minha vida querendo que ela passasse logo. De certa forma, meus desejos estão sendo realizados. Bem que me falaram que depois dos quinze o tempo voa. Ele não para mesmo!

Durante o V Congresso de Letras Clássicas e Orientais (que sinceramente achei bem chato) chamou-me muita atenção a fala de um professor que em meio à sua apresentação apresentou o conceito de verdade.  Cristo disse certa vez que ele era o caminho, a verdade e a vida. Não quero atentar ao contexto religioso, mas ao linguístico, metafórico que este texto carrega. Lendo assim, parece uma coisa até banal, mas quanto se sabe que verdade é (segundo o tal professor que não recordo o nome) exatamente o título deste post (tudo aquilo que não deve ser esquecido) a metáfora ganha um sentido muito mais intenso que o normal. Ele é o caminho para onde se quer chegar, que não deve ser esquecido e que sem vida, não pode ser trilhado.

Pois bem, hoje foi aniversário da minha amiga Rebeca. Reunimos pessoas que há muito não via e outra vez constatei que os meus desejos continuam sendo realizados, incluindo os do segundo parágrafo. Há pessoas que são especiais e que às vezes não damos tanto valor. É muito bom poder abraçar a Rebeca. Nunca sairá da memória o dia que apostamos uma caixa de chocolates sobre a questão de se usar “dá-me” ou “dai-me”.

Nunca me esquecerei também quando meu até então, melhor amigo, pessoas por quem eu seria capaz de morrer, disse a mim que a nossa amizade nunca havia existido e eu pensei não haver mais sentido estar neste mundo. Nesse momento uma pessoa que literalmente sempre esteve do meu lado (Vinicius - sem acento, viu?), me disse que não valia a pena ocupar a minha mente com isso. Ou ainda dizer à Jamilly e à Maíra o que me afligia e ouvi-las da mesma forma como faziam comigo. De igual modo posso falar de Augusto Fagner que me abraçou também no momento em que fui traído por quem visitava a minha casa e dizia-se amigo e das boas conversas com o ilustríssimo Fábio Neves.

 

Descobri vivendo que nem sempre quem te abraça é a ovelha, pois há várias lojas de fantasias por aí. Sentia como se a Wally estivesse ao meu lado com suas histórias durante a madrugada (e não pelo MSN). Ou ainda que o Dé sonhava ao mesmo tempo as peças que escrevo para a igreja. Phelippe também me ouviu durante muitas vezes.

Meus amigos são minha αλέθεια. Tudo aquilo que não deve ser esquecido.

Rebeca, Vinicius e Eu

Para meus amigos,

Nathan Rodrigues