16 de abril de 2011

Qualy

Já está decidido! Vou juntar todo o dinheiro que eu conseguir e vou comprar uma casa. Nem que seja um moquifo ao lado do putero no prédio mais antigo e fedido do Rio de Janeiro. Não posso ficar mais no mesmo lugar que o meu pai.

Nunca o considerei meu pai. Para falar a verdade, para mim sempre foi como um estranho que mora na mesma casa que eu. Sei que muitos vão falar "mas eh seu pai..." como diz a minha mãe. Dar-lhes-ei uma resposta escrita em caixa alta: FODA-SE! (viu, ainda teve direito a exclamação e tudo...).

Só assim vou acordar um dia sem precisar dar bom dia a ninguém, nem ter um fantasma na porta depois de 6 horas de aula e de passar três horas num engarrafamento quilométrico. Serei feliz não por um bem material, mas sim por uma paz que esse bem proporcionara. Sem contar que so eu terei a chave, ou seja, ele não vai entrar e se alguém der o endereço (minha mãe, por exemplo) vai bater a cara na porta também. Não, não vou dar mole a ninguém e se começarem a me importunar vou chamar a policia. Minha casa não é praça.

Essa historia que as pessoas contam de que a família nunca nos abandona quando a gente precisa e o mundo vira as costas é mentira, posso garantir. Isso varia muito em cima daqueles que você chama de família. Meus pais não sabem que eu sou borderline, apenas minha irmã, que por sua vez vive jogando indiretas a eles que ignoram completamente. Não sou um objeto que se pode ligar e desligar quando quer. Se não fosse pelos amigos (os poucos de verdade que tenho) eu já teria ido pelos ares e levado um monte de gente junto.

Outro dia eu estava sozinho na cozinha, com raiva do universo e seus medíocres habitantes. Peguei uma faca e um pote de Qualy de 500g. As coisas passavam pela minha mente e pensei naquele pote cheio de margarina fechado ali na minha frente. Eu não via o pote e sim as pessoas das quais eu tinha raiva naquele momento (as que eu lembrava naquela hora, claro). Esfaqueei o pote com tanta raiva que a tampa ficou dilacerada. Enfiei a faca com toda forca ate sentir a margarina sofrer. Depois disso, passei a fazer com a carne crua, com batata, abobora e tudo que pudesse ser esfaqueado. Não sei se estou evoluindo a um quadro de esquizofrenia, mas posso garantir que a raiva esta ficando cada vez mais descontrolada.

2 comentários:

  1. Vai com calma Nathan!
    Existem formas saudáveis de lidar com a raiva e esfaquear coisas não é uma delas.
    Vê se procura uma forma melhor de exercitar isso e não ficar agressivo o tempo todo. Pode parecer q não mais esse tipo de coisa pode virar um problema sério e vc pode acabar fazendo algo q se arrependa depois.
    Boa sorte!

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  2. Nathan

    você é um cara bacana, de talento que se vê nas entrelinhas... Não precisa gostar do seu pai e nem de ninguém, mas, seria bom cuidar para que a raiva fique sob controle... Não por nenhuma outra pessoa, por você, apenas por você...
    Beijo no seu coração

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